“O Brasil vive disputa de poder entre dois populistas sem projeto”. A afirmação, alarmista desconfortável aos que a recebem, é do sociólogo Bolívar Lamonier que, entre muitas outras atividades de destaque, foi membro da comissão de estudos que elaborou o anteprojeto da Constituição de 1988, ainda em vigor e guardiã da organização e métodos de nossa República (Estadão A10 – 07/04/2025 – … sem projeto) . Os personagens mencionados são o presidente Lula da Silva e o ex Jair Bolsonaro que, na sua opinião, dentro do clima de polarização política entre esquerda e direita, travam uma luta pelo poder entre dois ‘chefes’ populistas desprovidos de projeto para o País”. Em sua avaliação, o Brasil vai atravessar uma grande crise, seja com Lula ou Bolsonaro, antes de atingir uma mudança estrutural. desmantelamento é o fato de administração pública, em especial o Poder Judiciário, ter sido corroído pelo corporativismo. “Interesses estreitos, como no caso dos supersalários, não são chamados pelo nome – corrupção – e sim de ‘penduricalhos’, porque os próprios interesses se encarregaram de insculpi-los nas leis que eles mesmos fazem”, afirmou.
Lamounier também atribuiu uma crise de desequilíbrio ao excessivo número de emendas à Constituição. Foram mais de 130 emendas ao texto constitucional e alterações nas engrenagens institucionais que restaram desfiguradas, resultando em um sistema político “muitíssimo pior” daquele que existia nos anos de 1990.
O autor relata em seu texto o quadro endêmico da vida política nacional que enfrentou problemas e desequilíbrios durante todo o período republicano, iniciado em 1889 e, até antes dele, desde o tempo do Império. Logo, o desequilíbrio atual não é novidade para os brasileiros, calejados por tantos problemas numa perspectiva mais do que centenária. Sem a crítica sagaz aos dois principais pretensos candidatos ditos sem projeto, qualquer demérito, assiste-nos o direito de torcer para que na montagem do quadro das candidaturas surjam novos e competentes concorrentes capazes de empolgar e conquistar os votos do povo. Se novas figuras carismáticas e competentes se apresentarem não será necessário destruir os antigos e inadequados. O próprio povo se carregará disso e cada um restará no seu devido lugar.
A constatação da falta de projeto às lideranças é importante. Interessa a todos os militantes políticos. Cada um que pretende governar o País, o Estado e exercer qualquer representação, tem de estar à altura das expectativas do povo. Não podemos correr o rsico de eleger novos e pretensos pais do povo ou salvadores da Pátria. Precisamos de quem conheça as carências nacionais, estaduais e municipais e tenha competência e disposição para solucioná-las. Nosso País já elegeu muitos políticos inadequados. Cada eleição é a oportunidade de corrigir o curso da História, lembrando que o mundo está cada dia mais exigente. Quem não tem competência não deve se estabelecer…
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo).
Você também pode gostar
Conta de energia subirá ao menos 3,5% em 2025, estima Aneel
Comer chocolate é bom para sua visão
Páscoa com equilíbrio: como cuidar da saúde das crianças