Estudos indicam que 30% das pessoas que estão acima do peso também podem sofrer com transtornos depressivos
Reconhecida como doença pela a Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2013, a obesidade é uma daquelas comorbidades que sempre arrastam outro problema junto. Um desses seguidores é a obesidade, que, segundo a Fiocruz, é uma triste realidade na vida de 56% dos brasileiros adultos.
A estatística complica ainda mais quando associamos as doenças. De volta a OMS, cerca de 30% dos 600 milhões de pessoas obesas em todo o mundo que buscam tratamentos para emagrecer sofrem de depressão ao longo da vida. Além de alarmante, essa estatística evidencia a relação estreita entre essas duas condições de saúde, que afetam milhões de pessoas globalmente. A prevalência da obesidade e da depressão é uma realidade mundial, e estudos indicam que indivíduos com distúrbios psiquiátricos têm uma probabilidade significativamente maior de desenvolverem obesidade.
Para Mauro Jácome, médico especialista em endoscopia e cirurgião geral, a relação entre as doenças é ainda mais complicada que pode parecer. “A obesidade entra pela boca, e esse é o mesmo caminho da depressão. Sabemos disso e precisamos lidar com isso. Todavia, essas patologias são evidentes e devem ser tratadas com seriedade. De qualquer modo, são doenças com uma elevada relação. O diagnóstico do quadro depressivo é fundamental para que o paciente tenha um tratamento adequado, possibilitando a melhora da sua qualidade de vida”, afirma o médico.
Em conformidade com a opinião de Mauro Jácome está um estudo realizado por especialistas do Centro Médico da Universidade de Vrije, em Amsterdã (Holanda), que encontrou vínculos genéticos importantes entre obesidade e transtornos depressivos diversos. A análise genética comparativa reuniu 26.628 sendo 11.837 que sofrem com depressão e 14.791 indivíduos no grupo de controle.
Cerca de 15% das pessoas com o transtorno relataram aumento do apetite e também do peso quando deprimidas. Utilizando uma combinação de técnicas genéticas moleculares, os pesquisadores identificaram as variantes genéticas comuns a todos os participantes do estudo. Essa análise confirma que a obesidade pode atrair a depressão.
Porém, muitos pacientes tem dificuldade de emagrecer e isso pode agravar ainda mais o quadro de depressão. Para combater isto, o tratamento da obesidade vai além da dieta e do exercício físico. Procedimentos como a endosutura e o balão intragástrico têm sido utilizadas como ferramentas auxiliares no processo de emagrecimento, oferecendo alternativas eficazes para aqueles que lutam contra a balança.
“A endosutura, por exemplo, é uma técnica minimamente invasiva que utiliza suturas internas para reduzir o volume do estômago, promovendo uma sensação de saciedade com a ingestão de menores quantidades de alimentos. Já o balão intragástrico consiste na introdução de um balão de silicone no estômago, que é preenchido com soro fisiológico e azul de metileno, ocupando parte do espaço gástrico e reduzindo a fome”, completa Mauro Jácome.
Para combater a depressão, basta emagrecer?
Não. Além das intervenções médicas, o acompanhamento psicológico é crucial para o sucesso do tratamento de depressão. O psicólogo Thiago Oscar, da Clínica Cronos, em Belo Horizonte, enfatiza a importância de abordar as questões emocionais subjacentes à obesidade. “Muitas vezes, a depressão e a ansiedade estão intimamente ligadas ao ganho de peso, seja como causa ou consequência. O acompanhamento psicológico permite ao paciente entender e tratar essas questões, o que é essencial para reverter o quadro depressivo e auxiliar no emagrecimento”, explica o psicólogo.
O suporte psicológico para pessoas que enfrentam simultaneamente a obesidade e a depressão é uma parte vital do tratamento, oferecendo uma abordagem integral para lidar com essas condições interligadas. “Pacientes obesos que sofrem de depressão muitas vezes encontram-se em um ciclo vicioso: a depressão pode levar à compulsão alimentar, e o aumento de peso, por sua vez, intensifica a depressão. O papel do psicólogo é ajudar o paciente a identificar e romper esse ciclo”, confirma o psicólogo da Clínica Cronos.
O suporte psicológico também envolve a construção de estratégias para o enfrentamento do estresse, que é frequentemente um gatilho tanto para a depressão quanto para o ganho de peso. Com tratamentos similares, os pacientes a desenvolverem uma maior consciência do seu estado emocional e das suas escolhas alimentares, promovendo um relacionamento mais saudável com a comida.
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