A tendência política e administrativa costuma mudar a cada 15 ou 20 anos em todo o mundo, especialmente nos países que se apresentam como de regime democrático. No final do ano passado, depois que Donald Trump se elegeu para o segundo mandato presidencial nos Estados Unidos, pensou-se que o planeta entraria num novo ciclo. Mas o que poderá ser ainda mais determinante à mudança estava por acontecer: a morte do Papa Francisco e a eleição de Leão XIV para sucedê-lo.
Trump sacudiu o mundo com o aumento das tarifas no comércio internacional de seu pais – a maior economia dos quase 200 países do sistema. Mas o que chama atenção e abre novas expectativas é o novo Papa, que – ao contrário de antecessores – não é militante e nem simpatizante declarado de direita, nem de esquerda. Espera-se dele o necessário juízo e equilíbrio para que sua possível neutralidade ideológica o permita dialogar com todas as correntes e executar o que melhor possa atender aos interesses da Igreja e dos seus quase 1,5 bilhão de seguidores. Livre de amarras e parcerias com governos muitas vezes equivocados, a milenar instituição poderá melhor atender, assistir e encaminhar seus fiéis e contribuir para a evolução da sociedade.
A política internacional vem conturbada há pelo menos três décadas. Direita e esquerda jogam duras quedas de braço e não chegam ao ponto. Não há procedimento mais indevido do que, depois da derrocada da União Soviética – que se esfacelou na virada dos anos 80 para 90 – os líderes de esquerda da América Latina tentaram aqui montar a URSAL, uma república ao padrão soviético, que nem chegou a sair do papel por ser inviável mas rendeu muitos e enganosos discursos. Nas últimas décadas, o povo de dezenas de países tem se rebelado e votado contra os candidatos dos que se encontram no poder e, pelo visto, não atendem às aspirações comunitárias. Há exemplos marcantes, como o da Argentina, onde o candidato de direita derrotou o governante de esquerda e em pouco mais de um ano de governo já consertou a economia do país, baixando a inflação de 30% para 5% ao mês. Há, também, o mau exemplo da Venezuela, onde o ditador perdeu a eleição e, mesmo assim, continua governando. Aqui no Brasil temos a inconcebível luta Lula-Bolsonaro, que ninguém, no momento, seria capaz de prever seguramente como terminará.
A voracidade das estruturas políticas e de seus integrantes constituem o grande entrave ao desenvolvimento. As Constituições – inclusive a brasileira – elaboradas em tempos onde a classe política carregava o estandarte do regime democrático como escudo, perecem, na maioria das vezes, diante do interesse e da força dos políticos e servidores de altos escalões, que não vacilam em ignorar os mandamentos de suas cartas magnas para implantar seus interesses que, muitas vezes, vilipendiar o regime político e provocam trauma à economia do Estado.
O mundo já viu e entendeu que os movimentos de Donald Trump, embora impactem 180 países que transacionam com os EUA, tem como objetivo principal, socorrer a economia americana que sofre com a presença do dólar como moeda internacional sujeita a déficit inflacionário. Tudo o mais que o governo estadunidense realizar, não terá o mesmo e extenso impacto do “tarifaço”. Com ele, o presidente quer potencializar a economia.
A grande incógnita no momento está no papa Leão XIV. Norte-americano nato, teve ele significativa parte de sua atuação na Igreja do Peru, onde chegou a ser o dirigente máximo. Atuou os últimos anos no Vaticano, em altas funções. O mundo espera que sua cultura e conhecimento sejam a grande alavanca para colocar a igreja a serviço dos povos, pacificar a relação entre as nações e criar ambiente favorável para que os povos vivam e convivam bem. E que, se possível, a Igreja Católica Apostólica Romana sirva de exemplo indutor para as demais instituições religiosas – cristãs ou não – também atuem no socorro e promoção da vida humana…
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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