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Investigações avançam na Operação Munditia

A Operação Munditia – palavra que significa limpeza – deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo em 16 de abril, para desarticular uma organização criminosa que fraudava licitações em prefeituras e câmaras, continua a ter desdobramentos. Além das prisões já efetuadas, outras podem ocorrer por conta das investigações que estão sendo feitas. As mais recentes foram a do ex-prefeito de Itanhaém e de outras três pessoas da cidade.
A investigação do MP, que começou na Prefeitura de Guarulhos, descobriu que fraudes em licitações ocorriam em várias cidades do Estado inclusive no Alto Tietê, como Ferraz de Vasconcelos, Poá, Mogi das Cruzes e Guararema. Em um volumoso processo de mais de três mil páginas, com fotos, documentos, prints de conversas e áudios, o MP conseguiu provar como o esquema funcionava, identificando os participantes.
O comando era de Vagner Borges Dias, vulgo Latrell Brito, um cantor de pagode, que ostentava uma vida de luxo nas redes sociais, mostrando viagens ao exterior e carros de alto valor. Para fazer as fraudes, ele criou um conglomerado de empresas que forneciam mão de obra para limpeza e alimentação escolar. Essas empresas, em nome de ‘laranjas’, competiam entre si, numa concorrência artificial. Latrell aliciava secretários, vereadores e funcionários municipais para que modificassem as exigências dos editais, e até que fossem reescritos, para que suas empresas pudessem ganhar a concorrência. Muitas dessas licitações foram encaminhadas ao PCC, com quem Latrell mantinha relações.
O MP apurou que o valor arrecadado com as fraudes supera 200 milhões. Latrell e cúmplices ostentavam vidas de milionários como se fossem empresários de sucesso, mas o MP disse que essa prosperidade não ocorreu por ‘expertise empresarial’ e sim pelas recorrentes fraudes nos órgãos públicos.
Em Ferraz de Vasconcelos, foi preso o vereador Flávio Batista de Souza, o Inha (Podemos) e em Santa Isabel, o vereador Luiz Carlos Alves Dias (MDB), e a Justiça determinou o afastamento do presidente da Câmara de Arujá, Gabriel dos Santos (PSD), que está sendo investigado. Outras prisões já foram efetuadas em várias cidades, inclusive um funcionário da Prefeitura de Mogi das Cruzes.
O nome do vereador poaense Edinho do Kemel aparece no processo, no momento em que o cúmplice de Latrell, Carlos Roberto Galvão Júnior, o Juninho, fala para Latrell que eles deviam aproveitar o afastamento de Edinho por covid em abril de 2021, para colocar um outro vereador na 1ª secretaria da Câmara de Poá, cargo que era ocupado por Edinho, “nem que isso custe um dinheirinho para virar a nova cadeira”, ao que Latrell respondeu que “ia ver isso”. Ressalte-se que o vereador Edinho não tem nenhum envolvimento com o caso, foi apenas citado porque queriam se aproveitar de seu afastamento.
Outros nomes também foram citados e o MP continua a investigar os contratos das prefeituras em busca de provas que incriminem todos os envolvidos. A próxima edição impressa do jornal Novo São Paulo trará a atualização dos fatos.