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Assembleia Geral da ONU

Repórteres Sem Fronteiras (RSF) promove reunião de alto nível sobre a situação dos jornalistas em Gaza com a participação de mais de 20 países


Comunicado

24/09/2025

Representantes de mais de vinte países participaram, no dia 24 de setembro, de reunião ministerial paralela sobre a proteção de jornalistas em Gaza, realizada no marco da Assembleia Geral da ONU. Pela primeira vez em dois anos, os depoimentos de jornalistas palestinos, de um colega israelense, da Associação da Imprensa Estrangeira em Israel e da Agência France-Presse (AFP) ecoaram na sede das Nações Unidas. Uma iniciativa promovida pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e pelo Ministério das Relações Exteriores da França.

Ao final de uma sessão privada, aberta pelo ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot, e pelo diretor geral da RSF, Thibaut Bruttin, que também moderou o evento no marco da Assembleia Geral da ONU, foi feito um apelo urgente à mobilização dos Estados-membros para finalmente obter das autoridades israelenses a proteção dos jornalistas em Gaza, a abertura do território à imprensa internacional e a evacuação dos jornalistas que necessitam sair.

Diretamente de Gaza, o jornalista palestino Rami Abou Jamous, correspondente de vários meios de comunicação franceses, como a Radio France, France 24 e France Télévisions, deu seu depoimento após novos deslocamentos forçados da Cidade de Gaza. Seus colegas que conseguiram deixar Gaza meses atrás, Rita Baroud, ex-correspondente do meio italiano La Repubblica, e Motaz Azaiza, fotojornalista, também tomaram a palavra. A reunião contou ainda com a participação de Phil Chetwynd, diretor global da AFP, Tania Kraemer, correspondente da Deutsche Welle em Jerusalém e presidente da Associação da Imprensa Estrangeira em Israel, e Gideon Levy, jornalista israelense do meio Haaretz. A sessão foi concluída por Jodie Ginsberg, diretora do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Os ministros das Relações Exteriores do Catar, da Finlândia (copresidente da Coalizão pela Liberdade de Imprensa) e da Grécia (copresidente do Grupo de Amigos da Liberdade de Imprensa na ONU), assim como a subsecretária-geral de Comunicação Global da ONU, Melissa Fleming, também discursaram. Estiveram ainda presentes à mesa os chanceleres do Líbano, Brasil, Chile, Espanha e Estônia, além do comissário federal alemão encarregado dos direitos humanos. Esta reunião, sem precedentes desde outubro de 2023, lotou a sede das Nações Unidas.

“A RSF agradece aos participantes do evento ministerial paralelo que, por meio de suas palavras e presença hoje e de suas ações amanhã, demonstraram seu compromisso com os princípios da Resolução 2222 do Conselho de Segurança da ONU. Dez anos após sua adoção, os princípios centrais da resolução, incluindo o papel dos jornalistas na proteção de civis, permanecem mais relevantes do que nunca. Ainda assim, a situação enfrentada pelos jornalistas em Gaza representa um sério desafio à proteção da imprensa em conflitos armados. As campanhas de difamação e os ataques direcionados das forças armadas israelenses não podem levar à normalização desses crimes nem ao enfraquecimento do direito internacional, que não é apenas um arcabouço jurídico ou um símbolo político, mas um imperativo moral. A mobilização global sem precedentes do dia 1º de setembro, promovida pela RSF, reuniu a comunidade internacional em torno de três palavras-chave: proteção, acesso e evacuação. O tempo das palavras já passou — agora é hora de agir”, Thibaut Bruttin, Diretor-geral da RSF.

Uma iniciativa robusta, reunindo o maior número possível de Estados, deve instar o governo de Israel a adotar medidas concretas em conformidade com as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, em particular a Resolução 2222, sobre a proteção de jornalistas — uma resolução apoiada pela França em parceria com a RSF. A RSF lançou inicialmente um apelo nesse sentido em janeiro de 2024 e o reiterou em 2025, à medida que a situação dos jornalistas palestinos em Gaza se tornou catastrófica.

Luta contra a impunidade dos crimes cometidos contra jornalistas

Desde os ataques de 7 de outubro de 2023 e o início da ofensiva em Gaza, pelo menos 210 jornalistas foram mortos durante operações israelenses, incluindo 56 casos em que a RSF tem motivos razoáveis para acreditar que foram deliberadamente alvos devido ao seu trabalho jornalístico. Além de matar repórteres, os bombardeios israelenses destruíram ou danificaram edifícios que abrigavam redações, incluindo o da AFP em 5 de novembro de 2023, bem como pelo menos outros 50 veículos de comunicação, segundo o Sindicato dos Jornalistas Palestinos. Gaza permanece fechada para a imprensa estrangeira há quase dois anos, e as autoridades israelenses continuam proibindo a evacuação de jornalistas dentro da Faixa, salvo em raras exceções. Os crimes internacionais cometidos contra jornalistas em Gaza seguem impunes, e estes são sistematicamente difamados e rotulados como terroristas do Hamas pelas autoridades israelenses, a fim de justificar sua perseguição.


Sobre a RSF

A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) é uma organização internacional sem fins lucrativos que trabalha pelo jornalismo livre, independente e plural em todo o mundo. Fundada na França em 1985, a RSF conta atualmente com escritórios regionais em todos os continentes e uma rede de 130 correspondentes espalhados pelo mundo. A organização tem status consultivo junto às Nações Unidas, UNESCO, Conselho da Europa e Organização Internacional da Francofonia (OIF). Para mais informações, acesse: https://rsf.org/pt-br