Não sabemos se a jornada que o presidente Donald Trump empreende na busca de mais impostos nas mercadorias adquiridas pelos Estados Unidos no mercado internacional tem por objetivo principal reforçar a arrecadação tributária ou se traz em seu bojo objetivos políticos ou, ainda, a disputa entre as nações. Mas uma coisa é certa: há entre EUA e Brasil um imenso fosso que separa nossas economias. Ao mesmo tempo em que o FED (Banco Central norteamericano) fixa a taxa anual de juros entre 4,25 e 4,5%, no Brasil, o Copom submete o mercado e o povo a 14,25%, maior patamar de desvalorização da moeda praticado desde a crise do governo Dilma Rousseff (2016).
A autoridade financeira yankee já manteve a taxa de juros inalterada desde
as suas reuniões de janeiro e pretende fazê-lo até maio, quando se espera serem conhecidos os efeitos da política econômica de Trump. Por sua vez, o Copom brasileiro já elevou as taxas pela quinta vez consecutiva, em resposta à inflação persistente e aos gastos públicos crescentes, conforme indicado pelo Banco Central. Na última reunião, a elevação foi de 1%.
Da mesma forma que desconhecemos detalhes da problemática econômica dos EUA, sabemosz que o Brasil enfrenta problemas de déficit público. Por uma série de razões, o Tesouro vem gastando mais do que arrecadando e o governo não encontra ambiente no Congresso Nacional para aumentar a arrecadação de tributos. Dezenas de propostas de aumento da carga tributária foram rejeitadas pelos deputados e senadores e pelos partidos políticos não alinhados àafministração petista. As reformas têm ocorrido lentamente e o governo não demonstra capacidade para reduzir despesas, especialmete no tocante aos salários de altos servidores públicos que, além de salários, recebem penduricalhos que chegam a ser ilegais porque extrapolam o teto salarial equivalente aos R$ 44 mil mensais reebidos pelos ministros do Supremo Tribunal Federal.
O desembolso maior do que a arrecadação coloca o governo e a administração pública em situação de insolvência. Não basta a propaganda de emprego farto e inflação controlada, pois o fechamento das contas demonstra o rombo que, mais ou menos dias, terá de ser solucionado. Some-se a isso a opção política do presidente Lula de fazer um governo populista pródigo na distribuição de bolsas e outras benesses que – todoa brasileiro reconhece como de motivação eleitoral e preparação para as eleições de 2026.
O governo, com sua reforma tributária – que é necessária e modernizante – já aumentou as alíquotas de diferentes tributos e criou até o “imposto da blusinha”, que cobra impostos das quinquilharias que a população importa através dos aplicativos. O governo é levado a sustentar 56 milhões de titulares de bolsas humanitárias, 12 milhões de aposentados e 13 milhões de servidores públicos. Todo esse contingente representa desembolso e evasão de receitas que foi se consolidando através das atividades populistas dos sucessivos governos. Hoje, o buraco é inevitável e ameaçador.
Iguais ao Brasil, dezenas de outros países – especialmente os menos desenvolvidos – vivem o desequilíbrio entre arrecadação e despesas. A política econômica dos EUA tende a sacudir o mundo. Espera-se que seja capaz de criar condições para o encontro do reequilíbrio da economia mundial. Que a administração estadunidense consiga resolver seus problemas e, com o estabelecimento de uma maior carga tributária no comércio internacional, leve os demais países – inclusive o Brasil – à estabilidade…
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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