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Alckmin, senadores e a solução ao tarifaço de Trump

Felizmente, neste momento, quando faltam poucos dias para a aplicação do tarifaço anunciado pelo governo dos Estados Unidos – que acrescenta 50% de imposto de importação às nossas mercadorias enviadas àquele país – é possível ver a luz no fim do túnel que pode levar à solução do problema. O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro de Indústria, Comércio, Serviços e Desenvolvimento – representando o Brasil, negocia com o secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Kutnik, um programa onde os dois países reforçam seus investimentos e mitigam as dificuldades. Tudo deve começar pela revogação do superimposto de 50% – o maior percentual designado aos países parceiros comerciais dos EUA. Poderá não dar tempo para a total reforma do percentual até a próxima quinta-feira, dia 31, mas a porta estará aberta pelo menos para a prorrogação da entrada em vigor. Além do seu colega secretário, com quem conversou por videoconferência, Alckmin também teve encontros com os exportadores brasileiros e até com as big techs, em busca de potencializar as transações e incentivar investimentos tanto do Brasil nos EUA quanto de lá para o nosso território. Essa tem sido a tônica dos acordos que o governo Trump vem fechando com outros países inclusos em tarifaço. Já o fez com China, Canadá, México, Índia, União Européia, França, Coréia do Sul e Japão.
Outro caminho rumo à solução do conflito é a viagem aos EUA, iniciada nesta sexta-feira (25) pelos oito integrantes da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado. Eles revelaram que se reunirão com parlamentares democratas e republicanos, empresários e especialistas em comércio em busca de informações quanto à melhor solução do impasse.
Ao convocar o vice-presidente para abrir as conversações, Lula fez bem principalmente pelo equilíbrio do representante. Após os entendimentos iniciais, Alckmin deverá nos próximos dias iniciar discussões sobre as queixas hoje pendentes em relação dos dois países, como tarifas praticadas pelo Brasil e problemas com a Amazônia. Lula dificilmente teria obtido resultado, principalmente por seu posicionamento político de esquerda – antagônico ao direitista Donald Trump – e às relações que cultiva com adversários dos Estados Unidos, especialmente o Irã e Israel. Recordemos que o nosso presidente apóia o Irã e se opõe a Israel, exatamente o contrário do que faz o governo de Whashington. Escolher os parceiros é um direito que todo governante tem, mas isso, em certas situações, acaba trazendo dificuldades.
As outras questões apontadas como as que levaram Trump a definir o tarifaço de 50% – as perseguições ao ex-presidente Jair Bolsonaro e as denunciadas l ilegaiidades do Supremo Tribunal Federal (STF) a empresas e cidadãos norte-americanos e brasileiros residentes nos EUA – caminham hoje para soluções que não dependem, necessariamente, do governo ou do Parlamento brasileiro. A questão Bolsonaro vai se ajeitando aos poucos e a desavença de Trump e seu governo com a corte e os ministros brasileiros (que tiveram seus vistos americanos suspensos) tendem a ser resolvidas através da Justiça ou, até, mediante entendimentos e negociações entre as partes que possam ainda ser abertas.
O grande problema no estremecimento Brasil-Estados Unidos é a tarifa de 50% do valor das mercadorias. O governo brasileiro pode retaliar e também cobrar elevados impostos das mercadorias que os EUA exportam para cá, mas a diferença de tamanho das economias dos dois países torna totalmente irrelevante a “guerra comercial” que essa medida provocaria. O bom é que se confirmam as negociações iniciadas por Alckmin e os exportadores brasileiros – desde os produtores de frutas até os montadores de aviões – possam continuar colocando seus produtos no mercado da América do Norte com os mesmos impostos que recolhem até o presente. Se ocorrer algo diferente, nossos produtos perderão competitividade mercadológica e não conseguiremos vendê-los. Isso sem falar de retaliações que poderemos sofrer junto aos outros aliados dos EUA, cuja maioria é composta pelos que já são nossos parceiros.
Torcemos para que a política comercial implantada por Donald Trump encontre logo seus parâmetros e os parceiros dos EUA – inclusive nós – encontremos tranquilidade para trabalhar e cumprir a melhor performance, garantindo faturamento econômico ao país e o emprego da população. Que as diferença políticas e ideológica e os rompantes dos dois governantes não inviabilizem as possibilidades de acordo…
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo).