Natal, Ano Novo e vacina

Faltando apenas alguns dias para Natal e Ano Novo, seguramente as datas mais comemoradas no mundo ocidental, a grande preocupação é encontrar o formato ideal para as festas nesses incômodos tempos de pandemia, Os governantes, que já nos trancaram em casa por meses, querem voltar a fazer o mesmo. A alta nos casos de infecção e morte já levou a decretos com novas restrições, um deles estabelecendo o discutível toque de recolher. Mas verifica-se que a população, especialmente os jovens, está relutante e parte para a desobediência civil, com festas e outros tipos de desafiadoras aglomerações. Comerciantes que esperavam a volta à normalidade veem seus negócios retornando à faixa do prejuízo com o risco de se tornarem inviáveis.
É preciso compreender que, diferente do ocorrido na chegada da pandemia onde, erroneamente se colocou medo e terror na população diante do desconhecido, temos hoje o esperançoso quadro proporcionado pela vacina que, em semanas, estará disponível à nossa população. Diferente do que fizeram no começo, os governantes só devem agora cumprir com suas obrigações de oferecer meios para a compra e distribuição das doses. E não precisam inovar porque o país possui tradicionalmente a estrutura de vacinação do povo. A distribuição e aplicação de vacinas é uma das coisas que o SUS (Sistema Único de Saúde) faz com mais competência e envolvem seus três níveis: federal, estadual e municipal. Basta injetar os recursos para o sistema funcionar e não há a necessidade de providências e nem protagonismo do presidente da República, do governador, do prefeito e nem do Supremo Tribunal Federal. É melhor que cumpram suas obrigações e fique fora da execução, para não atrapalhar.
Quanto ao povo, basta, com esperança e alegria, esperar por mais algum tempo, até que a vacina – que será aplicada em duas doses com intervalo de 20 dias – comece a fazer efeito e diminua a proliferação do vírus. Quando isso acontecer, a vida terá voltado ao normal. E felizmente a Covid-19 será apenas mais uma epidemia na crônica da sociedade, ficando depositada na mesma prateleira da Gripe Espanhola, Gripe Asiática e outras que nos acometeram ao longo do último século. Suas vítimas serão sempre lembradas e registradas juntamente com as das demais epidemias e pandemias.
Temos, no entanto, de admitir que nesse Natal e Ano Novo ainda viveremos o quadro atual, que é de risco. Os governantes devem se conter e evitar imposições que poderão levar o povo à desobediência civil. E o povo precisa ter um pouco de paciência e evitar procedimentos que nessa reta final facilitem a transmissão do vírus. Usar máscara, álcool gel, lavar as mãos, evitar aglomerações e reuniões em locais fechados. Para as festas familiares, fazer apenas pequenas reuniões onde, observadas as normas de segurança, só se traga as pessoas que no dia-a-dia já circulam pela casa. Os demais, que vemos apenas uma vez ao ano, que esperem por mais um ano, quando tudo deverá ter votado ao normal.
O fim da pandemia é questão de tempo. Temos de nos cuidar nesse pequeno intervalo. Natal e Ano Novo comedidos, da mesma forma que o Carnaval sem desfiles e bailes. Mas logo teremos de volta a nossa vida normal. Tudo graças à Ciência que, em tempo recorde, desenvolveu as vacinas e com elas suplanta a volúpia dos interesses políticos e dos arautos do caos que, com seus procedimentos, fazem o povo sofrer. A vacina é a luz que já vemos no fundo do túnel que, pacientemente, vamos alcançar… Aleluia…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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