O mundo respirou com certo alívio ao ver, na terça-feira (08) as primeiras vacinações com vacinas certificadas, realizadas na Inglaterra. “Agora a vacina já existe” – pensamos todos nós, ainda que com uma série de indagações pendentes. Espera-se que nos próximos dias Estados Unidos também aprovem as vacinas e que o mesmo ocorra em outros importantes e credenciados centros científicos do mundo e isso represente a possibilidade de os países partirem para a imunização de suas populações e a consequente finalização da pandemia da Covid-19. Aqui no Brasil, o ministro da Saúde, em reunião com governadores, reafirmou ser a imunização uma tarefa federal e disse que anunciaria tudo no Plano Nacional de Vacinação que definirá como conseguir e fazer a droga chegar a cada um dos brasileiros. O governo já adiantou que a vacina será gratuita e extensiva a toda a população, mas não obrigatória.
São imprescindíveis neste momento, à postura ética e científica e a autoridade da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que tem se mantido distante do nefasto embate político que setores insistem em travar dentro da pandemia. A agência tem de cumprir sua tarefa e nada mais e não pode se submeter a prazos e interesses políticos, eleitoreiros e nem econômicos. Sua missão hoje é autorizar (ou não) a aplicação na população das vacinas que lhe forem propostas. É com base nessa liberação que o Ministério da Saúde deverá adquirir as doses e disponibilizá-las à população. Na tensa reunião de governadores – que foram a Brasília “buscar” a vacina – o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que é médico, foi à fala sensata: a vacinação é tarefa do governo federal, até porque há um desnível entre os estados e muitos deles não teriam como garantir a imunização de sua população.
A sociedade espera é que os governos dos diferentes níveis não continuem divergindo dentro da pandemia. Que, ao contrário, unam esforços para que a vacina e outras soluções possíveis cheguem o mais rápido possível à população e possam, gradativamente, diminuir o número de infectados e mortos. Como em todas as vacinações, o Ministério da Saúde terá a missão de adquirir as vacinas e fazê-las chegar aos estados. Os estados deverão fazer a ponte para a chegada das doses a cada um de seus municípios e estes farão a aplicação à sua população. É um esquema que já existe na distribuição das diferentes vacinas – até porque o SUS (Sistema Único de Saúde) é tripartite, recebendo recursos da União e os repassando em dinheiro ou produtos a Estados e Municípios.
Em vez de minimizar a gravidade, atravessar em suas atribuições ou – o pior – tentar tirar proveito político, eleitoral ou econômico da desgraça que se abate sobre a população, os governantes têm de encontrar a melhor forma de servir às respectivas jurisdições e, através da união de esforços, eliminar o mal que atinge a todos independente de ideologia, simpatias ou diferentes interesses.
Que a proximidade das vacinas e a distância das próximas eleições devolvam a sensatez aos detentores do poder e aos políticos e que estes possam, finalmente, respeitar e beneficiar a população que sofre. Acordem senhores!…
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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