O Brasil pode ser acusado de muitas coisas: corrupção endêmica, sistema educacional ineficiente, violência urbana, mas de “vilão ambiental” não. É o que afirma o jornalista e analista político Eduardo Negrão.
Ele explica: “O Brasil possui 60% da mata nativa preservada, 44% da sua matriz energética renovável e é tratado como vilão por países que são movidos a carvão, que é o mais poluidor dos geradores de energia”, diz, referindo-se ao último estudo da Global Carbon Atlas, que indica que países como a China e os Estados Unidos emitem 20 vezes mais CO2 do que o Brasil.
Segundo a pesquisa, o país emite cerca de 450 megatoneladas de CO2 enquanto a China, a “primeira” colocada no ranking, emite 10 mil megatoneladas. Os Estados Unidos ficam logo atrás, com 5.416 megatoneladas, seguidos do Japão, com 1.162 megatoneladas, e da Alemanha, com 779. “Isso acontece por conta das políticas de matrizes energéticas desses países, que utilizam a queima do carvão para obtenção de energia, uma das formas mais poluentes”, explica Negrão.
Para o analista, isso tem um motivo: impedir que o Brasil desenvolva as suas potencialidades agrícolas. “O Brasil é uma das maiores potências alimentares do planeta, apesar de apenas 26% do seu território ser destinado à atividade agropecuária. Por isso, tem recebido duras críticas quanto às suas políticas de preservação ambiental em nível mundial”.
Como exemplo, o analista cita o fato de um agricultor norte-americano produzir 50 sacas de soja por hectare, enquanto o brasileiro produz 75. Contudo, há uma grande diferença a ser observada: nos Estados Unidos há apenas uma colheita por ano, enquanto no Brasil acontece duas, o que gera uma diferença de 300% em produtividade. “Isso ameaça os agricultores europeus e americanos que têm os olhos voltados para a China, com mais de 1 bilhão de habitantes, país oriental que mantém grandes laços comerciais com o Brasil”.
Segundo dados do relatório do Our World In Data (19), que tem tutela da Universidade de Oxford, o Brasil é um dos países no mundo que mais preserva suas áreas verdes. Em termos percentuais, 56% do território nacional coberto por florestas, o que coloca o país na 31ª posição entre os países com maior cobertura florestal no mundo. Porém, em termos absolutos, levando-se em conta a área florestal, o Brasil tem quase 5 milhões de quilômetros quadrados de área verde, elevando o status tupiniquim ao 3º lugar, atrás apenas da Rússia e do Canadá, que possuem grande parte do seu território em regiões polares.
“Ou seja, o país tem feito a sua lição de casa, seja nas políticas de preservação das áreas verdes, assim como no uso destes recursos na geração de energia de forma sustentável e austera”, assinala Negrão.
POLÍTICAS MUNICIPAIS
Para o analista político, o trabalho de preservação precisa continuar, assim como a observação ferrenha em relação aos planos de matriz energética. Contudo, a chave do sucesso nesta questão deve-se a políticas municipais e a planos gestores das cidades, que devem ter as suas estratégias muito bem definidas. Por isso, este tema deve ser notado durante o período eleitoral deste ano, que escolherá prefeitos e vereadores. “Quando as pessoas avaliarem as propostas dos candidatos de suas cidades, é necessário verificar bem quais são os planos deles para as políticas de preservação de áreas verdes, recursos energéticos e sustentabilidade ambiental. É dever do cidadão cobrar seus candidatos desde já”, finaliza Eduardo Negrão.
Agradeço a equipe do jornal Novo São Paulo pelo espaço, como paulistano, palmeirense criado em Perdizes, filho da PUC porém radicado no interior há + de 20 anos é um prazer falar aos meus conterrâneos, paulistanos.
Forte Abraço
Eduardo Negrao – escritor.
@prof.eduardonegrao