Segurança, Amor e Limite são os itens que compõem a cesta para conter a violência, seja com o agressor ou com a vítima
Como forma de celebrar o Dia da Família, o Instituto CADES por meio de seu trabalho de Rede de Proteção Social implantado nas escolas que atua, promoveu uma palestra aos pais dos alunos da EMEF Dom Veremundo Toth em Paraisópolis sobre bullying e cyberbullying, seguida de atividades esportivas entre eles e seus filhos.
Com o tema “Estratégias para prevenção e combate do bullying” – ministrada pela Professora de Educação Física Ana Lucia H. M. C de Almeida que há 26 anos atua como professora de natação, é mãe de um filho com TEA (Transtorno do Espectro Autista) e há cinco anos trabalha com AEE (Atendimento Educacional Especializado), tendo se tornado, assim, uma PAEE (Professora de Atendimento Educacional Especializado) – os presentes receberam a aula que partiu do princípio que o bullying pode começar desde a creche, mas ele vai se tornando mais aparente conforme a criança cresce.
Segundo ela, as violências podem ser de quatro tipos: psicológica, física, patrimonial e em ambiente virtual, o cyberbullying, mas, para identificar o fato, é preciso entender o real significado do termo, a partir do momento que são “ações repetitivas no sentido de humilhar, ofender com o uso de violência. Além disso, ele acontece entre pares, ou seja, entre crianças e jovens da mesma faixa etária”.
Ações e reações das vítimas e dos agressores
Com 16 anos de existência, o Instituto CADES resolveu ir além de seu trabalho com atividades esportivas nas escolas públicas e, desde a pandemia, implantou a Rede de Proteção Social. Dentro deste contexto, com a atuação de psicólogas e apoio de outros órgãos, como UBS dentre outros, a saúde mental dos alunos passou a ser uma das prioridades. Sendo assim, formou-se uma rede multisetorial entre o CADES, as Escolas, os órgãos/serviços públicos e os atores sociais do território.
E, com o intuito de mostrar aos pais a importância de saber identificar ações e reações com seus filhos. “Quanto mais fortalecermos a relação escola-família, melhor, e, com a dinâmica da vida familiar hoje em dia, muitas vezes os pais não percebem o que está acontecendo”, explica a professora. “Vimos que o trabalho das aulas realizadas no Projeto Tênis para Todos podia ir além”, diz Joaquim Lima Calmon de Almeida, professor de Educação Física e Coordenador Responsável dos projetos do Instituto CADES. “Com isso, começamos a atuar em outras frentes, nos preocupando com a formação das crianças e jovens como um todo”, completa.
Sendo assim, conforme diz a professora, há alguns itens que precisam ser reparados no comportamento das crianças e jovens, se eles tiveram uma mudança repentina no humor, na alimentação, nos estudos. Já como forma de ajudar, ela aconselha a ficar atento aos sinais, não culpar a vítima, não agir de cabeça quente e buscar ajuda profissional. “Não é para recriminar, bater nem tampouco dizer para se defender ou questionar o motivo da pessoa estar permitindo ser vítima. Ela já está passando por ofensas, humilhações, a última coisa que ela precisa é ser julgada. Usar da violência, bater é uma regra inegociável, também”, diz.
Por outro lado, há, ainda, a criança que é a agressora e precisa de tantos cuidados quanto as que estão sofrendo o bullying. Às vezes identificar quem está realizando o bullying também não é fácil. Ela é aquela mais madona, que quer ser a dona da razão e que, para tal, se sobrepõe, ofende, humilha, realiza atos pejorativos com o outro. Neste caso, é preciso prestar atenção em alguns sinais como falta de empatia, atitudes egoístas, arrogância, valorização de relações baseadas em poder e dinheiro. “Muitas vezes são casos de serem muito protegidos ou de terem muita cobrança por resultados, ser ensinado desde pequeno a ser muito competitivo”.
Quando questionada sobre o bullying ser algo mais praticado por meninas ou meninos, foi respondido que com o empoderamento que as mulheres vêm tendo, as cobranças também aumentam, resultando em uma competitividade não-saudável, que pode gerar a agressividade, então, mediante este cenário, pode-se dizer que ele vem sendo praticado por todos os sexos de forma igualitária.
Como solucionar?
A professora Ana Lucia sugere algumas formas não só para solucionar, mas também para evitar que a criança se torne uma agressora, tais como: estimular e empatia, ensinar educação solidária, não tentar negar a realidade e buscar ajuda, dialogar para tentar entender o que está acontecendo, expor a reprovação sem recriminação, julgamento ou violência e buscar estratégias com a escola.
“SAL é a solução para o bullying. É preciso Segurança, Amor e Limite. No fim, todos precisam de ajuda, tanto os que sofrem o bullying quanto os que o praticam”, finaliza.
Como forma de um trabalho completo em todo âmbito socioeducativo, o CADES disponibiliza para a escola a psicóloga Audevânia, que fica duas vezes por semana na EMEF, e toda uma equipe que atua de forma total, auxiliando também em encaminhamentos para fonoaudiólogas, clínicas de tratamentos psicológicos e psiquiátricos.
Além disso, com as atividades físicas do Projeto Tênis Para Todos Paraisópolis que conta com o patrocínio do Banco Itaú e Cavan e que já está no sexto ano de existência pela Lei de Incentivo ao Esporte, eles aprendem a compartilhar, ganhar, perder e, principalmente, respeitar os colegas e adversários nos jogos. Tudo isso não fica só não quadra, mas passa a fazer parte do dia a dia, nas relações.
Mais informações podem ser conferidas em https://www.institutocades.org.br/rede-de-protecao-social
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