Até o final do ano, nada menos que 1.200 milionários deverão deixar o Brasil, levando nós seus bolsos 8,4 bilhões de dólares que hoje interagem na nossa economia. Com eles também irão conhecimento, rede de relacionamentos, capacidade de investimento e geração de empregos. Atribui-se o fenômeno à insegurança jurídica, instabilidade política e ao medo tributário, requisitos que faltam ao Brasil de hoje em razão do grande embate político-ideológico que torna o ambiente inseguro e ausente a previsibilidade. Se por um lado os juros anuais aqui praticados são da ordem de 15% – ao mesmo tempo em que nos Estados Unidos são de 4,5% – não há a confiança dos investidores quanto à liquidez do seu capital, que é rápido na iminência de risco.
Todo investidor quer ganhar o máximo possível em cima do seu capital. Mas não suporta a possibilidade de não conseguir realizar o desinvestimento quando decidir mudar para mercados mais seguros. O embate político-econômico que assola a “terra brasilis” é pernicioso. Independente de fatores político-ideológicos, o embate entre o governo que propõe a elevação de tributos e encontra oposição no Congresso Nacional, a criação de despesas eleitoreiras dos programas sociais (bolsas, vales e outros repasses), cuja soma em algumas regiões chega a ser maior do que a produção econômica, ainda há informação de que a dívida pública – de R$ 7.6 trilhões – é impagável. Amedrontado, quem ainda tem dinheiro no bolso, vai embora antes que o capital possa desaparecer. E, para turvar ainda mais o ambiente, há o tarifaço dos Estados Unidos às exportações que para lá fazemos e outras dificuldades encontradas pela economia governamental.
O Brasil é um grande país, de muitas potencialidades. No entanto, tem sofrido o processo da desindustrialização e só se mantém em pé graças aos bons resultados do Agronegócio que fornece alimentos ao Mundo, apesar da concorrência muitas vezes predatória de outras regiões não tão eficiente quanto os nossos produtores. Tanto que, apesar dos esforços de décadas, o Mercosul (organismo regional do continente) ainda não conseguiu decolar. Até agora foi mais propaganda do que resultados e sequer consegue a unidade de pensamento dos países-membros.
Quando os militares de 1964 devolveram o poder aos civis – muitos deles voltando do exílio – pensava-se na reconciliação nacional e no desenvolvimento. No entanto, a diversidade de posturas político-administrativas acabaram gerando as divergências políticas, econômicas e sociais que hoje fazem sofrer o povo, preocupam o empresariado e afugentam aqueles que possuem liquidez e são capazes de procurar porções do planeta mais estáveis. O estúpido debate entre esquerda e direita e intermediários em nada contribui para a estabilidade nacional. Pelo contrário, traz dificuldades. As acusações mútuas de cometimento de crimes e infrações (verdadeiros ou imaginários) serve de combustível à desagregação e à falta de perspectivas.
Um dos fatores que levam ao quadro de instabilidade é a reeleição de presidente da República, governador de Estado e prefeito municipal. Desde que essa possibilidade tornou-se real – no fim dos anos 90 – vivemos em permanente campanha eleitoral. Ao assumir o mandato, na primeira eleição, o governante, em vez de priorizar a administração pública, começa a campanha para garantir a reeleição quatro anos depois. E, de acordo com os objetivos de cada um, estabelece-se o inferno das acusações ao adversário e – se possível – até a sua criminalização e encarceramento. As coisas do governo, via-de-regra, ficam em segundo plano e nem sempre são tratadas como deveriam. O resultado é a bancarrota que o meio político atenta e atribui culpa aos adversários. O fim da reeleição para cargos executivos está para ser votado no Congresso Nacional. Se o projeto for aprovado, o atual presidente e os 27 governadores estaduais ainda poderão ser reeleitos na próxima eleição (2026). Os atuais prefeitos também poderão concorrer a mais uma reeleição (2028), quando os eleitos adquirirão o direito de governar por seus anos. A partir de então, deixaremos de ter eleições a cada dois anos. Os mandatos serão de cinco anos e, num só dia, o eleitorado comparecerá às urnas para eleger presidente, governador, prefeito, senador, deputados e vereadores. Sem vislumbrar reeleição, os governantes surgidos do processo terão, finalmente, o tempo integral do seu mandato para governar o País, seu Estado ou município. Poderá ser o começo da recuperação política nacional degradada durante as últimas décadas. Todos os brasileiros têm o dever de trabalhar pela recuperação e estabilidade do País. Governantes, parlamentares e ocupantes de altos postos devem usar seu preparo e competência para manter a Nação em pé e em condições de servir e proteger o povo. Precisam deixar as desavenças e lutar pela estabilidade nacional antes que, por falta de estimulo e razões para crer, a população se revolte e o nosso gigante caminhe para o caos. Temos excelente potencial. Os homens (e mulheres) públicos não podem negligenciar se quiserem deixar para as novas gerações um legado de progresso e bem-estar. Abandonem todos as contendas e priorizem a melhora das condições de vida aos 215 milhões de brasileiros e aos que por eles serão sucedidos nas próximas gerações...
Tenente e Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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