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Fãs de Deolane Bezerra: quando a idolatria se transformaem sofrimento psicológico

A prisão da influenciadora e advogada Deolane Bezerra gerou uma reação extrema de seus fãs, levando a questionamentos sobre a idolatria e o impacto psicológico na vida de seguidores dedicados

A recente prisão da influenciadora e advogada Deolane Bezerra provocou uma onda de reações intensas entre seus seguidores. Em um fenômeno que transcende a mera admiração, muitos fãs decidiram acampar em frente ao presídio onde ela está detida, expressando publicamente seu sofrimento e angústia. Esse comportamento levanta questões profundas sobre a natureza da idolatria e o impacto psicológico que ela pode ter na vida de seguidores tão dedicados.

Para compreender melhor essa dinâmica, conversamos com a psicóloga clínica Beatriz Brandão, mestre em psicologia pela PUC de São Paulo. Ela analisa o fenômeno da idolatria e seu efeito psicológico: “O que observamos aqui é um fenômeno de identificação projetiva, onde os fãs veem Deolane como uma extensão de si mesmos. Eles projetam nela suas próprias expectativas e desejos. Quando Deolane enfrenta um desafio, como a prisão, é como se uma parte dos fãs estivesse vivendo essa situação junto com ela. A dor dela se torna a dor deles, gerando um comportamento de devoção extrema.”

Beatriz Brandão ressalta que a idealização de figuras públicas é um processo comum. “Quando alguém projeta em uma celebridade características que admira, cria uma imagem quase perfeita dessa pessoa. No caso de Deolane, seus fãs a veem como uma figura de força e resistência. Quando essa imagem é abalada, como no caso da prisão, eles experimentam uma espécie de luto. Isso resulta em reações emocionais intensas, como o que estamos vendo com os fãs acampados.”

Além disso, a psicóloga destaca a importância da dinâmica de grupo nesse contexto: “A dinâmica de grupo amplifica comportamentos que, individualmente, talvez não fossem tão extremos. Estar em um ambiente emocional intenso, cercado por outros que compartilham suas crenças, intensifica essas emoções. Esse sentimento de pertencimento reforça a ideia de que o que estão fazendo é válido e necessário.”

Beatriz também faz uma analogia com o Experimento da Prisão de Stanford, enfatizando a influência do ambiente no comportamento humano. “Embora o contexto seja diferente, o experimento mostra como a situação pode alterar o comportamento. Os fãs de Deolane, imersos nesse ambiente emocional, agem como parte de um coletivo, deixando de lado a individualidade.”

Por fim, a psicóloga alerta para as consequências dessa devoção: “Enquanto a situação não se resolve, os fãs continuarão investindo emocionalmente nessa narrativa. Muitos estão emocionalmente dependentes dessa relação simbiótica com Deolane, o que pode gerar frustração se as coisas não se desenrolarem como esperam. A longo prazo, alguns podem se desiludir, mas outros continuarão nesse apoio incondicional.”

Explica a psicóloga que finaliza, “essa situação evidencia como a adoração por figuras públicas pode evoluir para um sofrimento psicológico profundo, impactando não apenas a imagem da celebridade, mas também a vida emocional de seus seguidores mais de votos”.

Crédito Foto Capa: Davi Queiroz

Dra. Beatriz Brandão

Psicóloga Clínica – C R P: 0 6 / 1 2 5 9
Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP, com pós-graduação em Neuropsicologia. Especialista em Psicoterapia de Adultos e Casos, Psicofarmacologia, Psicodiagnóstico e Psicopatologia. Com 9 anos de atuação clínica e 11 anos de experiência em recursos humanos, Beatriz é reconhecida por seu trabalho com transtornos de humor, ansiedade e personalidade, além de autoconhecimento. Desenvolvedora de programas de saúde mental corporativa e palestrante. Comunicadora digital na área de psicologia, é autora do livro independente “Quem Sou Eu”, focado em autoconhecimento, e do livro “Puxão de Orelha – Isso Não é Autoajuda”.

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