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EUA endurecem o diálogo com o Brasil

Donald Trump diz que os EUA não vão adiar prazo para a imposição da tarifa de 50% às importações de produtos brasileiros por aquele país. O novo tributo começará a ser cobrado sobre os valores das mercadorias desembarcadas em território estadunidense a partir das próxima sexta-feira, 1° de agosto, declarou o presidente ao desembarcar na Escócia, onde reuniu-se com Ursula von der Layen, presidente da União Européia para discutir a redução de 30 para 15% da tarifa sobre os produtos adquiridos dos países europeus.

     Recorde-se que, convocado pelo presidente Lula, o Vice Presidente Geraldo Alckmin vem se movimentando para baixar o percentual da tarifa ou, pelo menos o retardo de três meses de sua entrada em vigor. Mas Trump e Howarde Kutnik, o secretário do Comércio dos EUA, como quem Alckmin vem conversando, disseram no ultimo fim de semana que as novas tarifas de importação entram em vigor em 1º de agosto e isso não impede que os parceiros comerciais continuem negociando com os EUA, mas já pagando tributo maior e tendo seus produtos com menor competitividade no mercado norteamericano.
     As novas tarifas de importação atingem as dezenas – possivelmente mais de uma centena de parceiros comerciais dos EUA e são diferenciadas pois decorrem da situação da relação  comercial com cada um deles e até de questões políticas – como o caso do Brasil, onde Trump definiu o percentual de imposto levando em consideração questões políticas e ideológicas, além do relacionamento mercantil. Há, inclusive, o impasse que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro (aliado de Trump) e as graves divergências do Supremo Tribunal Federal que, na visão dos norteamericanos, contrariam  as leis do seu país.
     Apesar das novas declarações, somos de opinião que o assunto não se esgotou e que Alckmin – e o próprio Lula – devem pressionar por baixa no percentual tarifário e dilatação do prazo em que a medida entrará em vigor. Até porque, os empresários brasileiros que exportam àquele país terão grandes dificuldades a partir de quando tiverem de pagar elevado imposto para  colocar sua mercadoria na porta do cliente americano.
     Cada dia fica mais claro que a grande dificuldades EUA-Brasil é geopolítica. O que mais pega  atualmente é o Brasil comprando óleo diesel da Rússia, operação que os americanos dizem servir para sustentar a guerra de Moscou com a Ucrânia. A outra complicação é o proselitismo que o presidente Lula tem feito pela criação de uma moeda que possa substituir o dólar nas relações internacionais. Os países de grande economia e população – China, India, Comunidade Europeía e outros, inclusive pequenos, independente da ideologia, negociam questões concretas e com isso resolvem os problemas e os entraves aos seus interesses. Temos a certeza de que o Brasil será bem sucedido se, em vez de teses e alinhamentos, se ocupar exclusivamente de questões concretas e de interesse da população. Jamais de diferenças regionais, religiosas ou de qualquer outro matiz que leva à separação e ao confronto. Essas questões devem ser tratadas e moduladas pelos organismos internacionais e jamais por uma nação em particular.
     Identificam-se como grandes instrumentos de pressão dos EUA sobre o Brasil o fato de sermos usuários (e dependentes) do GPS, satélites, e de serviços das big techs Google, Meta, Amazon, Apple e outras que dão vida à internet e serviços eletrônicos globais. As ameaças de supertributação, censura e sanções a esse grupo de empresas, nos ameaçam com a possibilidade de termos interrompido seus serviços. Além do que elas prestam diretamernte, há o sinal que apóia a operação de aviões, equipamentos agrícolas, indústrias, bancos e grande quantidade de serviços e pontos de apoio à internet, dos quais somos dependentes. Um dos serviços que tende a nos levar ao colapso é o controle de cartões (de credito e debito), que é mundial.

Defendemos a soberania nacional e não abrimos mão da autodeterminação dos povos, inclusive nós, os brasileiros. Mas temos de compreender que a vida num mundo globalizado e dependente de quem dispõe das tecnologias, exige cuidados e muita negociação. A cruzada empreendida por Donald Trump mexe com todo o planeta e se as nações – inclusive os próprios EUA – não se cuidarem, pode acender o estopim da Terceira Guerra Mundial que, pela disponibilidade de tecnologia, se ocorrer, jamais poderá ser comparada à Primeira e Segunda Guerras, ambas convencionais. Um novo conflito global, com armas atômicas, comunicações de alto padrão e velocidade e outras modernidades poderá representar a dizimação da humanidade.
Nós, que vivemos no Brasil um tempo de polarização política e desinteligências ideológicas, temos visto coisas inimagináveis. As duas extremas (esquerda e direita) têm empreendido uma luta inglória que em vez de apoiar o desenvolvimento, tem sucateado a Nação. A reeleição – que atendeu aos apetites eleitorais de presidentes, governadores e prefeitos durante quase três décadas, é o combustível para as grandes desavenças hoje constante da pauta política nacional e até internacional. Precisam todos os brasileiros dotados de algum tipo de liderança atentar para a responsabilidade que suas condições emanam para trabalharem pela paz social e desenvolvimento das condições de vida da população. Se não o fizerem, o futuro será incerto e perigosíssimo…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo).