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Documentário ‘Tietê: Águas Verdadeiras’ prepara registro histórico e emocional sobre um dos principais cursos d’água do país

Após nove meses de pesquisa sobre o rio Tietê, está em fase de produção o projeto dos diretores Rodrigo Campos e Denise Szabo, financiado com recursos da Lei de Incentivo à Cultura de Mogi das Cruzes (LIC)

Apresentar o rio Tietê, mostrando o percurso percorrido pelas águas a partir da nascente, na Serra do Mar em Salesópolis, passando por Biritiba Mirim até chegar a divisa entre Mogi das Cruzes e Suzano. Essa é a proposta do documentário longa-metragem ‘Tietê: Águas Verdadeiras’, dos diretores Rodrigo Campos e Denise Szabo, que está em fase de produção. Financiado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Mogi das Cruzes (LIC), o projeto é um registro histórico, emocional, afetivo e ambiental de um dos principais cursos d’água do país – e que pede socorro.

O filme vai além do registro de paisagens e recorte de informações, já que se propõe a fazer uma recuperação histórica, pautada pela memória afetiva compartilhada pelos moradores das regiões abordadas. “Estamos propondo um resgate cultural e social, uma possibilidade de reconexão histórica, que aflora o sentimento de pertencimento e desperta nas futuras gerações a consciência de preservação”, dizem os diretores, que se sensibilizaram para o tema a partir de uma série de tristes observações.

Em um trecho curto, de aproximadamente 45 quilômetros a partir da nascente, já há problemas graves no rio Tietê, como a pouca pressão de água entre Biritiba Mirim e Mogi das Cruzes, a presença artificial do bagre africano, que ameaça o ecossistema natural e a sobrevivência das espécies nativas e também a poluição massiva. Por tudo isso, não é surpresa que o rio chegue em São Paulo completamente morto, com águas escuras e fluxo quase parado. Mas nem sempre foi assim, e não precisaria ser.

“Rio Verdadeiro” é o significado de Rio Tietê em língua tupi. E é isso o que as histórias apresentadas pelo documentário reforçam. Após nove meses de muita pesquisa, a equipe do projeto, que oferece contrapartidas sociais, educacionais e culturais à sociedade, ouviu muita gente. Gente que nadou, pescou, conviveu com um Tietê límpido, amplo, vistoso e amigável.

Além de belas imagens que comprovam que sim, ainda há vida no curso d’água, o filme conta com depoimentos fortes e pontuais, como as histórias contadas por Dona Terezinha, que vive em Salesópolis e teve o prazer de passar a infância em uma casa onde biólogos e pesquisadores descobriram, na década de 1950, que mais do que lar de uma família, era o abrigo da nascente do rio Tietê.

A produção está repleta de diversos relatos de memórias afetivas, de quem se banhava, se divertia e se alimentava a partir do rio. Grande exemplo disso é Zé Macumba, personagem “folclórico” da região, que nasceu em Mogi e viveu sempre muito próximo ao rio.

Hoje ele sente saudade das épocas de cheia, quando navegava com tranquilidade pelas águas, nomeando as várias “curvas” do trecho e testemunhando “causos” como as andanças de uma serpente de mais de oito metros.
Também há, no filme, importantes apontamentos ambientais, como os feitos por Victor Kinjo, músico e ambientalista, e Alexandre Hilsdorf, professor e especialista em ictiofauna que fornecem detalhes da situação crítica relacionada à poluição e constantes mudanças de dinâmica no caminho do Tietê.

‘Tietê: Águas Verdadeiras’ é, portanto, um apelo, um documentário que mostra aos mais novos a importância de um rio vivo, que faz os mais velhos relembrarem de tempos em que não havia poluição, e que suplica a todos: salvemos, todos nós, o rio Tietê.

Gravações
As gravações tiveram início no dia 22 de setembro, quando é celebrado o Dia do Tietê. Os primeiro sets de filmagem foram em Biritiba Mirim, que comemora a data com uma missa e o envio de uma imagem sacra para ser banhada no rio, e em Salesópolis, onde as lentes registraram onde tudo começa, eternizaram memórias e evidenciaram a beleza das águas no Parque das Nascentes, ressaltando a importância de salvá-las.

Em outubro as câmeras retornaram a este último local, mas agora com uma turma de alunos de uma escola, que também foram ao Museu da Energia e mostraram a relação das novas gerações com o Tietê.

E as filmagens seguiram em novembro. Para acompanhar tudo – inclusive imagens de bastidores, trechos de depoimentos, vídeos e outras -, é só seguir as redes sociais oficiais do projeto. A previsão de lançamento de ‘Tietê: Águas Verdadeiras’ é para 2024.

Assista ao teaser: https://youtu.be/KeVXmgAfXBA

Contrapartida
‘Tietê: Águas Verdadeiras’ é uma produção da Itapeti Filmes, financiada com recursos da Lei de Incentivo à Cultura de Mogi das Cruzes (LIC). A produção recebe patrocínio da CS Brasil, Original Veículos, Mogi Passes, Madre Seguros, Colégio Santa Mônica, Dr. Sandro Muniz Otorrinolaringologista e mais de 15 apoiadores pessoa física a partir da contribuição via IPTU, além do apoio cultural de Departamento de Águas e Energia Elétrica de SP (DAEE), Secretarias de Educação e Meio Ambiente de Mogi da Cruzes e Lokar Audiovisual. O filme será exibido em festivais de cinema pelo Brasil, espaços públicos de Mogi das Cruzes e região. O projeto também conta com a realização da oficina cultural de Introdução à Produção de Documentário para jovens do Alto Tietê.

Ficha técnica
‘Tietê: Águas Verdadeiras’ tem pesquisa de Geraldo Melo, direção de Rodrigo Campos e Denise Szabo, produção de Mayara Silva, direção de fotografia de Denilson Nakajima, direção de arte de Diego Banzatto, som de Alandson Silva. Compõem o elenco nomes importantes da cultura mogiana, como Elisete Nunes, Sarah Key, Thiago Ferreira, Michael Meyson, Carla Pozo, Beatriz Pozo, Victor Kinjo, Eduardo Colombo e Isadora Faro.