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Corte de despesas levam o dólar às núvens

Ao mesmo tempo que a Câmara dos Deputados aprova o primeiro projeto de corte de gastos governamentais e se prepara para outras medidas de austeridade antes de entrar no recesso de final de ano (o que ocorrerá na sexta-feira, dia 20), o dólar chega a R$ 6,20, um novo recorde de valorização que nem a pronta intervenção do Banco Central foi capaz de controlar. O banco oficial colocou US$ 12,7 milhões no mercado para conter a alta mas, mesmo assim, a moeda ainda é vendida a mais de R$ 6,00.
Depois de passar várias semanas tentando montar uma tabela de cortes eficiente, o governo chegou a números que o mercado considera insuficientes e essa é a grande causa da explosão do câmbio, e afugenta o investidor aponta para a crise. As críticas do presidente Lula ao Banco Central, aos juros e aos indicadores têm servido só para volatilizar a atividade financeira. A única lógica compreendida pelo investidor é o que vai acontecer com o seu dinheiro investido e, assim, pouco ou nada vale o governante esbravejar ou fazer promessas que não venham acompanhadas de medidas concretas.
O governo Lula é tido como gastador. Tanto que roupeu com níveis de economia estabelecidos durante os mandatos de Michel Temer e Jair Boolsonaro e hoje é pressionado a economizar para manter a solvência econômica. Mas o presidente da Câmara, deputado Artur Lyra, disse ontem que não há como garantir a aprovação dos outros projhetos em tramitação, que falam sobre impostos, aposentadorias e salários do funcionalismo público. A incerteza força para cima a cotação do dólar e, com o aumento, ficam potencializadas a inflação e a alta dos juros.
Os ministros da Fazenda e do Planejamento– Fernando Haddad e Simone Tebet, têm uma grande tarefa colocada sobre suas costas. A idéia é que gerem medidas que dêem equilíbrio à política econômica do governo. Mas correm o risco de serem atropelados por medidas populistas que o Presidente, bem so seu estilo, possa adotar, especialmente de tiver concretizada a sua vontade de – em 2026 – concorrer a um quarto mandato à frente do País.
Outra coisa que não se pode ignorar é o momento delicado porque deverá passar a politica econômica internacional nos próximos meses. O presidente Donald Trump toma posse nos Estados Unidos e deverá mudar o panorama de relacionamento econômico com o mundo, rompendo com o estilo democrata de Joe Biden. Um dos principais reflexos deverá envolver Estados Unidos e China, justamente os dois maiores parceiros econômicos do Brasil no mercado internacional. Na medida em que as tensões apertarem entre as duas potências, os efeitos colaterais deverão ser sentidos por todos os seus parceiros ao redor do planeja. Será a hora em que o Brasil precisará estar preparado para tirar proveiro do quadro pois, se não o fizer, poderá acabar sofrendo prejuízos. Também não deve ser ignorada a barricada política que a Europa monta em torno do acordo Mercosul-Comunidade Européia. A França, adversária declarada do entendimento assinado mês passado em Montevideo[Uruguai), já recebeu ontem o apoio da Itália e caso dois ou três outros países da comunidade européia entrem na questão e formem 35% do bloco, a tendência é o negócio ser desfeito ou jogado dentro das gavetas de discussão, onde já se encontra há 25 anos sem qualquer solução.
São muitas as batatas quentes colocadas nas mãos do presidente Lula e dos seus ministros da área econômica. Mas hoje o principal problema está no excesso de gastos e em pressões de altos funcionários governamentais – especialmente os do Poder Judiciário que abominam a idéia de voltarem a receber salários dentro do teto constitucional de R$ 44 mil ,mensais (o valor dos proventos dos ministros do Supremo Tribunal Federal).
Lula, Hadad e Tebet têm a obrigação de perseguir a solvência e o equilibrio da economia brasileira. Se não o conseguirem, vão impor dificuldades ao País e à população e terão problemas, até, para eventualmente se apresentarem como candidatos nas próximas ou futuras eleições. Pensem nisso..

. Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).