Vivemos, no Brasil, um dos mais delicados e controversos momentos de nossa História político-administrativa. O governo dos Estados Unidos – a maior economia do planeta – promete colocar em vigor na quarta-feira (dia 6) a tarifa de 50% sobre as mercadorias que exportamos para aquele país. Além de romper a competitividade de nossos produtos no mercado internacional, o tarifaço americano abre as portas para outros países e organismos fazerem o mesmo, ou até pior, contra os interesses brasileiros. Especula-se que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) projeta gravar com tarifa de 100% as nossas mercadorias vendidas aos seus países-membros. Difícil saber como isso terminaria.
No mesmo pacote, o governo de Washington cassou os vistos de acesso de oito dos 11 ministros da suprema corte brasileira e do procurador-geral da República. Paralelamente, a lei Magnitsky, que impõem severas sanções econômicas foi aplicada ao ministro Alexandre de Moraes, acusado de violação dos direitos humanos e perseguições ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a outros adversários do governo do presidente Lula. Há rumores de que outros magistrados e autoridades também serão sancionados. Moraes reagiu, dizendo que continuará atuando fortemente nos processos, como se nada tivesse ocorrido.
Durante o domingo, manifestações foram realizadas nas capitais e principais cidades brasileiras pela anistia aos envolvidos nos episódios de 8 de janeiro de 2023 – entre eles Bolsonaro – e pelo impeachment de Moraes e de Lula. É um dos pontos mais altos da polarização política entre direita e esquerda. Espera-se para qualquer momento as decisões do governo Trump sobre as tarifas aplicadas aos produtos brasileiros. Dependendo do percentual, elas poderão trazer grandes dificuldades à economia brasileira.
O clima é tenso e o palavreado forte entre os contendores. São incertas as informações sobre a expectativa de acordo entre os governos brasileiro e estadunidense.
São preocupantes o clima de hostilidade e as diferentes versões – verdadeiras ou falsas – que circulam no espectro político e administrativo. O ideal seria não haver esse contencioso e no seu lugar ocorrer o entendimento mínimo entre os envolvidos.
O Congresso Nacional, que volta do recesso de meio de ano, deverá viver um período tenso. Além da lei da Anistia, do fim da reeleição para cargos executivos e outros temas sensíveis, ainda deverão ser apresentados novos requerimentos de impeachment ao ministro Moraes e ao presidente Lula, que ninguém, no quadro atual, seria capaz de prever se prosperarão ou serão jogados na gaveta do Senado e da Câmara, como durante os anos tem ocorrido.
Torcemos para que as ditas inconveniências sejam solucionadas e o clima político nacional pacificado. Que a Constituição seja plenamente respeitada e cessem as escaramuças entre os Três Poderes. Que eles continuem harmônicos e independentes e nenhum dos seus agentes atue de forma a conspurcar o regime democrático e o bem-estar da população. Precisamos de paz, respeito e solidariedade. Do contrário, o caos tornar-se-á inevitável…
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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