O empresário Paulo Skaf – que já presidiu a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) entre 2004 e 2021 – foi eleito na última segunda-feira (04) para mais uma mandato presidencial de quatro anos, que se iniciará em janeiro. O líder volta num momento crítico para o setor, motivado pelo tarifaço que os Estados Unidos impuseram às importações dos produtos brasileiros por aquele país. Por conta disso, já se prepara para implementar um programa que denominou “diplomacia empresarial”. O objetivo é desenvolver demandas e soluções para o problema de relacionamento entre compradores e vendedores e se esforçar por ter as decisões aceitas e respeitadas pelos governos. A ação inicial se dará entre Brasil e Estados Unidos em função do tarifaço e outras dificuldades que vêm tumultuando a relação entre as duas nações, mas o propósito é que o projeto se empenhe também com outros países onde as relações com o Brasil tenham dificuldades ou possam ser dinamizadas. O trabalho será pilotado pelo embaixador brasileiro Roberto Azevedo, ex-presidente da OMC (Organização Mundial do Comércio) que, convidado, já aceitou a missão.
Skaf projeta que a Fiesp seja um foro permanente para a discussão e encaminhamento dos assuntos do interesse do setor industrial e, na medida do possível, possa mitigar os problemas no seu surgimento, evitando surpresas como as de hoje em que chegamos ao ponto de sermos sancionados e ainda não temos a expectativa de um encontro entre os presidentes Donald Trump e Lula da Silva, os únicos capazes de negociar e decidir ainda durante ou ao final da negociação.
A idéia é blindar os interesses econômicos e empresariais em relação aos acontecimentos políticos e sociais.
O empresário enfatizou, em longa entrevista ao “Estadão” a necessidade de separação das áreas de interesse para que uma não atrapalhe as outras. Criticou a postura do presidente Lula sobre suas falas contra Trump, as relações próximas ao Irã, a presença de navios iranianos atracados no Brasil, sua ida à União Soviética para a festa do Dia da Vitória, a defesa da desdolarização do mercado internacional e outros temas gravosos aos Estados Unidos. Sua percepção é de que o Brasil, que tinha tarifa de 10% antes da crise, não a teria subido para 50% sem a existência do contencioso que não nos trouxe qualquer tipo de vantagem. Falou ainda que não devemos nos distanciar dos EUA, que é o maior importador de produtos brasileiros, e grande investidor de capital daquele país em empresas brasileiras, que somam 27% de todo o investimento estrangeiro no país, um total de US$ 300 bilhões.
Espera-se que, ao tomar posse daqui a cinco meses, Skaf encontre o ambiente apropriado para colocar seus planos em prática e estes levem o empresariado brasileiro e norte-americano ao lucro e pacificação. Já temos o exemplo da Embraer que, ao identificar a chegada da crise, negociou com seus parceiros melhores relacionamento e isso levou a deixá-la fora do tarifaço, assim como outros setores que nos são importantes.
Pensamos que o Brasil, com grande capacidade de produção e disponibilização de produtos para o mercado, deve cuidar-se para não se envolver em polêmicas alheias que nada trazem de benefício mas podem causar grandes danos à Economia e, no final da linha, ao desemprego e sofrimento da população. Todo o contencioso atual já está formado. Oxalá os governos – tanto o daqui quanto o de lá trabalhem no pólo positivo de forma a não agravar ainda mais a situação. Problemas que sejam sociais, legais ou políticos devem ser tratados na respectiva área e – para o bem geral – jamais serem levados a interferir no relacionamento comercial das nações. Tanto Brasil quanto Estados Unidos possuem diplomacias de reconhecida competência e tradição, que já resolveram grandes problemas no concerto universal. Os governos não podem prescindir dessa competência, por mais que isso possa agitar a vaidade e até os interesses eleitoreiros dos seus governantes. Governo bom não é aquele que ganha uma contenda verbal, mas o que resolve problemas e com isso melhora as condições de vida da população.
Acreditamos que Paulo Skaf, com sua liderança pessoal, a comprovada competência daqueles que o cercam e a força da Fiesp, será capaz de incentivar outros segmentos empresariais brasileiros à busca de soluções das dificuldades com países e parceiros. Só dessa forma é que conseguirão contribuir para o avanço da nossa sociedade…
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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