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A Notícia Precisa

A Avenida que não estava no mapa de Poá

*Miguel Comitre

O regime militar instalado a partir de 1964 havia dissolvido os partidos políticos até então existentes e, promoveu uma reforma eleitoral permitindo a criação de dois partidos: a ARENA – Aliança Renovadora Nacional de apoio ao governo e, na oposição o MDB- Movimento Democrático Brasileiro e, para “abrigar” as várias tendências ideológicas criaram-se as sublegendas partidárias. Assim e, sob a tutela dos dois partidos, no dia 15 de novembro de 1968 e com a utilização da “cédula única” realizaram-se as eleições municipais no país.
Poá viveu intensamente aquele período eleitoral que teve a frente três candidatos a prefeito pelo MDB e dois pela ARENA. Assumi uma sublegenda e, pelo voto direto e secreto vencemos as eleições.
A posse ocorreu no dia 26 de março de 1969. Tão logo investido no cargo de prefeito municipal nos deparamos com os múltiplos problemas da cidade. Poá ressentia-se de um planejamento urbano adequado para orientar o seu crescimento futuro.
O primeiro passo foi ouvir a comunidade e elaborar o primeiro Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de Poá que seria aprovado pelo legislativo em 1971 e, dos estudos técnicos constatou-se, dentre as dezenas de outros problemas que, a mobilidade urbana, estaria comprometida no futuro, porque o eixo principal do trânsito das pessoas e veículos na região central resumia-se num tímido “Y” (ípsilon) formado pela Rua 26 de março e, avenidas Brasil e Nove de Julho, interceptado ainda pela passagem de nível e, que era necessária uma nova ligação viária margeando os trilhos da ferrovia em direção a Ferraz de Vasconcelos.
Acontece que a Rede Ferroviária Federal (antiga Central do Brasil) era a proprietária do terreno que iniciava na Praça João Pessoa e fazia fundos com a Rua 26 de março e pior, havia permitido no local a edificação de um açougue, um armazém e uma banca de jornais. Esse fato impedia a abertura da avenida.
Após a negativa da Rede Ferroviária Federal em São Paulo em ceder o terreno à Prefeitura para abertura da avenida, não desistimos e, nos dirigimos por várias vezes à sede da presidência nacional da ferrovia no Rio de Janeiro e, mantida a negativa, insistimos na compra do terreno pelo município.
A nossa proposta com exaustivas explanações, inclusive foto aérea do local, acabou sendo aceita e, após avaliação e escritura lavrada em cartório, o terreno foi comprado e incorporado ao patrimônio do povo de Poá.
No ano de 1972, ao final de nosso governo, conseguimos a desocupação do terreno e iniciamos as obras, para a entrega à população, da Avenida General Artur da Costa e Silva, então presidente da república e, hoje a atual Avenida Engenheiro Jorge Francisco Correia Allen, ex-prefeito que, passou a integrar o mapa viário da cidade e, presta serviços inestimáveis à mobilidade urbana regional e, em especial, de Poá…

*Advogado, Professor, Presidente da OAB/Poá (1980/1982), Vereador (1960/1964 e 1965/1968), Presidente da Câmara Municipal (1964), Assessor Jurídico (1976/1982 e 2001/2008) e Assessor Parlamentar (2011/2012), Prefeito Municipal de Poá (1969/1973 e 1983/1988), Secretário de Assuntos Jurídicos (1997/2000) e, Chefe de Gabinete (2014/2016). contatomiguelcomitre@gmail.com