Evento reunirá pesquisadores, lideranças indígenas e gestores públicos para discutir a rota indígena e seus potenciais turísticos
Botucatu, no interior de São Paulo, sediará nos dias 10 e 11 de novembro o 1º Seminário Paulista dos Caminhos do Peabiru, encontro que reunirá pesquisadores, representantes da comunidade indígena e gestores públicos para debater as mais recentes descobertas sobre a rota ancestral indígena que cruzava a América do Sul.
O evento, promovido pela Secretaria de Turismo e Viagens do Estado (Setur-SP), em parceria com os municípios de Botucatu, São Manuel, Bofete e Pardinho, o Consórcio Polo Cuesta e a Rede Brasileira de Trilhas, propõe a integração da ciência, ancestralidade e políticas públicas em torno da valorização do patrimônio cultural e natural do Peabiru.
Em Botucatu a rota simbólica já é reconhecida por visitantes e acadêmicos que estudam o Peabriu. Ao todo, 16 cidades paulistas estão no processo de levantamento de dados históricos e científicos com a comunidade local e acadêmica. Acredita-se que o Caminho do Peabiru tenha sido utilizado pelos guaranis antes da chegada dos europeus. A rede de trilhas, construída por povos indígenas sul-americanos, ligava o Oceano Atlântico ao Pacífico, atravessando Brasil, Paraguai, Bolívia e Peru. O nome deriva da expressão tupi-guarani tape avirú, que significa “caminho gramado amassado”.
Projeto turístico e integração regional
Com base em estudos e pesquisas, o Governo de São Paulo busca o desenvolvimento de um projeto de valorização histórica, cultural e turística inspirado no Peabiru com a criação de rotas temáticas pelo Estado, que ofereçam experiências que unam história, cultura, natureza, espiritualidade e interação com comunidades locais.
O projeto enaltece o legado cultural indígena e reconhece os saberes e a presença destas comunidades, fundamentais para a preservação da memória e da formação cultural do país. A Setur-SP mantém articulação com os governos do Paraná, que pesquisa o tema desde 2005 e hoje envolve 84 municípios, e de Santa Catarina, onde o trajeto do Peabiru passa por cerca de 15 cidades. A Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso e a Fundação Florestal também são parceiras da iniciativa, que busca integrar esforços de conservação ambiental e turismo sustentável.
Pesquisas e novas frentes
As primeiras visitas técnicas ocorreram na Região da Cuesta Paulista, envolvendo Botucatu, Bofete e Pardinho, onde já existe integração entre o trade turístico, guias, agências, gestores municipais e universidades. Entre os estudos, destaca-se o trabalho do pesquisador da USP Gabriel Tonin, autor de “Limites e Possibilidades do Turismo no Caminho do Peabiru na Região de Botucatu” e “Desconstrução e (re)construção de narrativas indígenas no território de Botucatu, SP: articulando turismo e patrimônio sob uma ótica decolonial”.
O projeto também avança pelo Vale do Ribeira, nos municípios de Cananéia, Jacupiranga, Eldorado, Iporanga e Apiaí, região apontada por historiadores como possível ponto de origem das rotas do Peabiru em território paulista.
Outras frentes de levantamento estão em andamento em São Vicente, Santos, Cubatão e Ribeirão Pires — com destaque para a Vila de Paranapiacaba, onde pesquisadores produziram o documentário “De Paranapiacaba ao Peabiru”, que investiga as conexões históricas e culturais do tema.
Novas coletas de dados também estão sendo realizadas em Sorocaba, Salto, Itu, Juquitiba e São Lourenço da Serra, ampliando o diálogo entre pesquisa científica e saberes ancestrais.
Legenda: Três Pedras, um dos atrativos do Caminho de Peabiru, em Bofete
Foto: Cristiano Vieira / Mundo Cuesta
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