O Fim da Expoá

Após cinco décadas de existência, a mais tradicional festa poaense, a Expoá, Exposição de Orquídeas e Plantas Ornamentais, muda de nome, passando a se chamar Orquídea Fest Poá. Uma mudança que desagrada profundamente os poaenses que conheceram a grandiosidade dessa festa enquanto foi organizada por renomados orquidófilos, tendo por expoentes Takaji Otake e Heitor Gloeden.
Época em que a Expoá era festa familiar, com uma mensagem de proteção ao meio ambiente, tendo as orquídeas como as estrelas do evento. Alcançou tamanha grandeza que foi incluída no calendário turístico estadual, recebendo a visita dos governadores de São Paulo. Sempre realizada em agosto, raramente em setembro, a Expoá movimentava a cidade, com a realização do Concurso Miss Orquídea, do Baile da Orquídea, da Sessão Solene na Câmara para entrega de honrarias, como o Título de Cidadão Poaense, das muitas visitas das misses a jornais e programas de televisão de São Paulo.
Nos últimos anos, a Expoá foi sendo esquecida pelos prefeitos, deixando até de ser realizada. E agora, quando se anuncia seu resgate, ela acaba levando o golpe final com a mudança de nome, servindo apenas de fachada para a realização de shows milionários, deturpando totalmente o significado da festa, familiar e tranquila, pois orquídeas não gostam de barulho.
A Prefeitura de Poá divulgou que a festa acontecerá de 23 a 26 de outubro, com shows de Bruna Karla, Simone Mendes, Alok e Péricles, artistas incluídos no pacote da empresa MP Produções, que foi contratada pela Prefeitura de Poá. Uma empresa de São Paulo que mudou o nome da Expoá para Fest, termo que coloca em todas as festas que promove nessa região.
A MP não conhece nada da história e da tradição de Poá, não usa a mão de obra poaense, deixando de contratar empresas poaenses para serviços de segurança, montagem de barracas, som e outros. Para as empresas de Poá, isso é decepcionante, pois pagam impostos na cidade, geram empregos contratando poaenses e, na hora em que a cidade poderia dar um estímulo, a Prefeitura contrata uma empresa de fora que terceiriza tudo com gente também de fora.
Até a autoridade do secretário de Cultura foi atropelada, pois ele tinha a incumbência de definir convites especiais para autoridades e agora a empresa é que determina quem será convidado, mesmo não sabendo quem é quem em Poá. O valor da festa e dos shows não foi divulgado pela Prefeitura em lugar nenhum. Só como exemplo, neste ano a cidade de Paulínia contratou um show de Alok por quase um milhão de reais. Belo valor para duas horas de show.
E assim, uma empresa de fora chega e muda tudo na festa da cidade, contando com o silêncio dos vereadores e com o desinteresse do prefeito pelos poaenses. Esse que é o resgate da Expoá? Não valeu.