Não é a Terceira Guerra Mundial, que os fantasiosos agitadores prevêem e cuja possibilidade de eclosão atribuiu-se a Donald Trump, logo após a sua eleição para o segundo mandato. Mas, o tarifaço por ele decretado sobre 180 países com quem os Estados Unidos mantêm relações comerciais, é um choque de dimensões planetárias. Só nos últimos dias, aquele país decretou o reajuste de impostos de importação a 60 parceiros, entre eles o Brasil. Para nós, estabeleceu-se uma situação melhor do que a prevista no comunicado de 9 de julho (que fixava percentual de 50% de cabo-a-rabo) e em vez da taxação entrar em vigor a 1º de agosto, seu vigor foi transferido para o dia 6.
Foram excluídos dos 50% o suco de laranja, que o Brasil é o maior fornecedor aos EUA, a celulose, os aviões montados pela Embraer – cujas peças principais são produzidas nos próprios EUA – e outros produtos de menor visibilidade na pauta. Mas café e carnes continuam com a tarifa alta. A impressão é que o governo tomou essas medidas em atendimento aos interesses e reclamos dos importadores daquele país, que pagariam preços mais altos pelas mercadorias se mantida a configuração inicial. O quadro leva à crença de que novas alterações poderão ocorrer, inclusive as que forem requeridas em negociação pelo Brasil e demais fornecedores.
A nova situação coincide com a ida aos EUA do chanceler Mauro Vieira, que conversou com burocratas ligados à estrutura de comércio e da comitiva de senadores da Comissão de Relações Exteriores. Ainda está faltando, na nossa modesta opinião, o contato direto entre Lula e Trump. Esperamos que o encontro não tarde e dele possa sair algo positivo aos países e principalmente aos seus exportadores e importadores que, se nada for feito, serão os grandes prejudicados juntamente com o consumidor.
É Importante a mobilização dos governadores que desoneram as empresas e produtores prejudicados pelo tarifaço, como forma de ajudá-los a passar pela tormenta. Uns Estados diminuem impostos e outros falam até em adquirir mercadorias que deixarem de ser exportadas. Devemos compreender, porém, que esta é uma solução temporária para enfrentar a emergência. A solução só virá da negociação entre os países.
Penso que a abrupta elevação das tarifas é imperativo da economia estadunidense. Trump aproveita o momento para fazer as correções que entende necessárias. E que outras motivações são secundárias mas acabaram incluídas no quadro de desconforto gerado pelo aumento de impostos. A questão do Supremo Tribunal Federal, a queixa sobre as perseguições a Jair Bolsonaro, a censura às redes sociais e empresas norte-americanas e o alinhamento do presidente Lula às ditaduras, embora citados entre as queixas, não devem ser o mais importante.
O presidente Lula, em vez de confrontar e ameaçar retaliação aos EUA, deveria negociar pois o simples tamanho da economia brasileira perante a dos EUA não aconselha qualquer confronto. Respondemos com pouco mais de 1% das importações americanas, o que pode ser significativo para nós, mas irrelevante na escala global.
Concordamos com as observações de que é ruim a interferência de outro país nas atitudes do nosso governo. Mas, assim como o governo daqui tem liberdade para tomar o seu caminho, precisa estar consciente de que pode encontrar dificuldades decorrentes das posições assumidas internacionalmente. Fosse figura influente no governo brasileiro, eu buscaria solução para a questão do óleo diesel adquirido da Rússia, já denunciado pelos EUA como fornecedor dos recursos para a manutenção da guerra com a Ucrânia.
Para concluir. Cantado aos quatro cantos do mundo como um país democrático, o Brasil tem de cuidar de suas relações externas e, principalmente, não entregar-se ao clube das ditaduras. Se assim o fizer, será alvo permanente do chamado mundo democrático e os prejuízos serão inevitáveis. Ainda é tempo para se cuidar…
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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