O tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump – que acrescenta 50% de imposto às mercadorias vendidas pelo Brasil aos Estados Unidos – cai como um petardo de pavio aceso nas mãos e colo do presidente Lula e de todos nós, brasileiros. A grande preocupação é que temos apenas uma quinzena para tentar reverter o quadro, já que a nova taxação está prevista para começar a vigorar em 1º de agosto. O ideal é que os dois governos – apesar das diferenças políticas e ideológicas de seus titulares – negociem e encontrem o ponto de equilíbrio que possa atender aos interesses de ambos. Mas não podemos ignorar que Lula pode escolher o caminho do confronto e da retaliação que, salvo melhor juízo, tende a trazer problemas. A reciprocidade é o mais simplório caminho; nada impede que o Brasil também cobre um adicional de 50% como tarifa de entrada naquilo que importar dos EUA, mas isso, mesmo com todo o aspecto de justeza, dificilmente atenderá ao mercado e principalmente aos consumidores das duas nações.
Trump cita razões políticas, judiciárias e econômicas do relacionamento do seu país com o Brasil para justificar a medida de força. Embora o governo seja o responsável por negociar a questão, observemos o desconforto do empresariado que transaciona com os EUA e já cita dificuldades. Produtores de carne estão apreensivos. Fornecedores de manga e outras frutas, paralisaram negociações de embarque que iria começar em agosto, renderiam mais de US$ 50 milhões e hoje têm a expectativa de queda de 70% no volume. Mais de mil toneladas de peixes foram retiradas dos portos brasileiros devido ao cancelamento dos pedidos dos consumidores estadunidenses. Um cliente dos EUA cancelou a compra de 95 toneladas de mel orgânico produzido no Piauí e produtores de suco de laranja têm grande partida da mercadoria em Trânsito para os portos mas não sabem se conseguirão despachá-las antes da vigência da nova tarifa. O café é outra mercadoria que poderá perder parte do mercado.
O vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, experiente político de muitas e importantes jornadas, se pronunciou pela pacificação e disse que pretende dizer a Trump que a situação no Brasil é diferente do que lhe foi informado e com isso tentar abrir negociações. Lula, lamentavelmente, ainda está apontando para o confronto o que, na nossa modesta opinião, poderá ser ruim porque não temos estrutura para enfrentar o poderio econômico, político e logístico dos EUA.
Governo e o empresariado alcançado pela majoração tarifária precisam se mobilizar em busca da melhor solução para a economia brasileira. O governo estadunidense já colocou suas cartas na mesa com suas razões. Nada mais justo e adequado que o Brasil faça o mesmo e os dois lados sejam permeáveis à negociação como dois autênticos parceiros. Neste momento a tradição de um relacionamento de dois séculos deve falar mais alto do que a preferência política e ideológica dos governantes. As nações são perenes e seus governantes transitórios. Não podem os interesses sazonais determinarem o relacionamento entre os dois povos que devem fazer todo o possível para a boa prática econômica, comercial e internacional. Trump, Lula e respectivas equipes logo deixarão seus postos, mas Estados Unidos e Brasil continuarão como as maiores nações das Américas, independente de quem venha a governá-las. Tudo o que puder ser feito pelo entendimento é aconselhável. Acreditamos no bom senso das negociações diplomáticas e empresariais de ambos os países.
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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