No período em que o País viveu sob o regime militar – 1964/85 – que no pós-85 a Nova República convocou denominar ditadura – era comum encontrar indivíduos, principalmente ocupantes de cargas de confiança na administração pública, que se rotulavam como “apolíticos” e não poupavam críticas a militantes. A contradição de ocupar cargo ou função em repartições públicas, o convite dos governantes de então e ali receber as remunerações, não chegou a envergonhá-los porque, a polarização ideológica que acabou derrubando o presidente João Goulart, também acabou com os partidos, que foram reduzidos a dois: a Arena situacionista e o oposicionista MDB.
Terminado o ciclo militar, vivenciamos o outro lado da moeda. Os ditos democratas da Nova República, tudo fizeram para não parecerem em nada com os militares de 64. Os “apolíticos” foram dispensados e os seus lugares ocupados por indicados políticos, como ocorre até hoje. Mas os partidos políticos, de 13 que existiam antes do episódio de 31 de março de 1964, voltaram com maior força. Chegamos a ter 30 deles regularmente registrados e mais de 70 outros fundados e com pedido de registro na Justiça Eleitoral.
Os ditos “apolíticos” foram substituídos por militantes das diferentes e muitas siglas. E a política passou a ser prato do dia dentro das repartições e até interferir nas decisões. Das universidades às escolas básicas, tudo virou em política trincheira onde professores militantes pregam sua ideologia e buscam transformar os alunos em adeptos, quando – para ser honesto – a política poderia estar na escola, mas não em forma de militância, mas na maneira informativa, com a ministração de relatórios genéricos para que o próprio aluno possa decidir, na hora certa, o caminho a trilhar, se assim o pretender.
De uma forma geral, as repartições dos Três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) passaram a ser operadas politicamente, quando o ideal seria que apenas prestassem os serviços constantes de seu regimento. E os servidores engajados politicamente fizeram sua militância nas horas de folga, como simples cidadãos.
Infelizmente, com o passar dos anos, a política partidária tomou conta do serviço público e contaminou a população. Embora hoje o nível
de informação dos indivíduos seja mais elevada que o dos anos 60/70, muitos ainda hoje não sabem ao certo porque são adeptos de esquerda, de centro ou de direita. E isso serve para criar e potencializar turbulência.
O País avançou bastante nessas décadas de redemocratização, mas ainda faltam a atualização das leis, a modernização dos regulamentos políticos e o cuidado para evitar a intolerância que ultimamente ameaçam romper o equilíbrio institucional como decorrência da interpretação teratológica dos integrantes dos Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) acerca da Constituição e dos diplomas legais dela decorrentes.
Precisamos colocar cada peça da nossa República judiada no seu devido lugar. O improviso e a falta de observação dos princípios fundamentais tem feito sofrer a Nação e levado o cidadão ao clima de descrédito na Pátria que, para o bem geral, deve ser respeitada, cuidada e amada. Sem esse cuidado, continuaremos marcando passos e jamais sairemos daquele tempo em que os indivíduos exercem função política, por conta de líderes políticos e, mesmo assim, por ignorância, se classificavam como “apolíticos”. Acorda meu Brasil!!!
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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