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A Notícia Precisa

Trump, tarifaço, conquistas territoriais e Lula…

Nos tempos de aprendizado escolar e pré-adolescente, recebi dezenas – talvez até uma centena ou mais – de aulas onde os professores relataram a epopéia do descobrimento e posse de terras até então inóspitas localizadas nas mais diferentes regiões do planeta. Os criativos mestres de então nos revelavam desde os episódios das caravelas contornando os continentes à época conhecidos para buscar especiarias nas Índias, incidentes como as calmarias marítimas que entraram até o descobrimento do Brasil além de conquistas de territórios pela força sobre os nativos e muitos relatos, verdadeiros ou falsos. Tudo nos conduzia à crença de que eram puros fatos do passado que jamais voltariam a ocorrer. Até porque a composição dos territórios e fronteiras de nosso tempo é resultante de guerras e acordos entre as nações firmados nos últimos séculos sob orientação e fiscalização dos organismos internacionais ou até dos próprios países em conflito, por ocasião dos armisticios.
Tentativas de anexação territorial como a que a Venezuela tenta hoje impor sobre Ezequibo – província mineral e petrolífera da Guiana – são malvistas e tendem a não se concretizar. Mas quando a ação parte dos Estados Unidos, país detentor da maior economia de nosso planeta , é diferente e preocupante.
O presidente Donald Trump, que assumiu o governo estadunidense em 20 de janeiro anunciou seu propósito de agregar ao seu país – por compra ou conquista militar – o Canadá e a ilha da Groenlândia, hoje sob domínio da Dinamarca. E, logicamente, com a oposição e repulsa daqueles países e provocando a preocupação de todo o mundo. Não é crível que a grande potência liquide militarmente os países menores e nem que o resto das nações aceitem a agressão pacificamente, como se cordeiros fossem.
Trump quer os territórios do Canadá e da Groenlândia por causa dos recursos naturais neles existentes e por passagens estratégicas que poderão proporcionar mais segurança aos EUA na região do Ártico. Daí seus movimentos para chegar ao objetivo. Canadá, no plano do presidente, deverá ser o 51º e Groenlândia o 52º estado norteamericano, se a anexação for concretizada.
Preocupa-me, no entanto, a opção do mandatário americano na busca dos seus objetivos internacionais. Jamais deveria ter admitido (e muito menos falado) a possibilidade de ocupar militarmente os territórios pretendidos, quando o mais confortável e racional seria negociar, já que não lhe falta o dinheiro necessário ao pagamento das possíveis indenizações. O ideal é que se as anexações territoriais ocorrerem, isso seja fruto de um negócio imobiliário, jamais de uma guerra.
É algo semelhante ao tarifaço unilateral que Trump vem promovendo em relação aos países que negociam com os Estados Unidos. Em vez de imposição, o ideal seriam a negociação e a paz. Da forma que vem ocorrendo, já foi deflagrada a chamada “guerra econômica” que poderá não beneficiar nenhum dos guerreantes.
Da mesma forma que temos criticado declarações infelizes do presidente Lula, na obrigação de – para ser justo – destacar seu posicionamento em relação ao tarifaços e as anexações pretendidas pelo seu colega norteamericano. Quando lembra que os EUA operado da forma que Trump tem feito nos últimos dois meses pode se transformar numa letal arma de guerra, Lula tem razão. Melhor seria que os EUA, em vez de impor tarifas ao que compra e vende, negociasse as alíquotas. E, quanto à anexação de Canadá e Groenlândia, se realmente essa é uma pretensão, jamais admitisse a possibilidade de ocupação militar. O mundo precisa de paz. Se ocorrer uma guerra envolvendo potências titulares de armamentos nucleares e outros equipamentos bélicos letais, pode não sobrar ninguém para contar a História.
Vemos , neste momento, a necessidade de ação dos países de ponta e dos organismos internacionais. Cumpram suas obrigações humanitárias e façam todo o possível para evitar que a humanidade e se habitat saiam dos trilhos. Se isto chegar a acontecer, poderá inexistir (ou pelo menos não ser encontrado) o caminho de volta.
Nós, que já tivemos a oportunidade de viver algumas décadas, e acompanhar a evolução do mundo e da sociedade, somos conscientes de que a vida do planeta é uma sucessão de acontecimentos, acertos e erros, cada qual com suas conseqüências. Concordamos com Lula, quando prega a autonomia dasnações e a vida pacífica entre os povos. Tprcemos para que Donald Trump desista dos radicalismos e, em vez de algoz, atue como um grande lides desse momento. Sua força será muito mis útil se empregada no bem-estar geral do que nas suas fantasias políticas ou – o pior – esteja a serviço de sua vaidade pessoal. Deus salve (e orienete) o mndatário de Washington. Que seu trabalho beneficie todo o planeta..

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo).