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A volta de São Paulo aos trilhos

A assinatura, na quarta-feira (29/05), do contrato de concessão para a implantação do Trem Intercidades (TIC), entre São Paulo e Campinas deverá marcar a recuperação para o Estado do elo perdido nos anos 90, quando, sucateadas por décadas de manutenção postergada e capitulação de sucessivos governos perante funcionários ideologicamente poliltizados, a ferrovia praticamente morreu no território paulista, levando ao abandono linhas inteiras e toda a infraestrutura de estações, armazéns, oficinas e equipamentos que serviram ao nosso desenvolvimento e foram responsáveis, inclusive, pelo surgimento de dezenas (talvez centena) de cidades que levaram o desenvolvimento ao território antes classificado como sertão bravio.
É o programa “São Paulo nos Trilhos”. Além da contratação do trecho São Paulo-Campinas com o Cponsórcio C2 Mobilidade sobre Trilhos, formado pela gigante chinesa CCRC e o Grupo Comporte, vencedor do leilão, cujas obras deverão começar em 2026 e terminar em 2032 e englobarão vários complementos e interligações com o sistema de trens metropolitanos, também serão lançados na oportunidade os estudos e bases para um total de 890 quilômetros de novso trilhos, com investimentos de R$ 130 bilhões pelo sistema PPI (Programa de Parceria de Investimentos), em 12 outros projetos. Eles englobam três trens intercidades: São José dos Campos-Taubaté, Sorocaba-Campinas-Ribeirão Preto e Campinas-Araraquara, além da Linha 22-Marrom do Metrô, l igando São Paulo a Osasco e Cotia.
Embora sejam megaempreendimentos e tenham alguns anos para entrar em operação, as novas estruturas ferroviártias terão o condão de desafogar as rodovias e devolver o transporte ferroviário aos paulistas do interior, hoje reféns da rodovia e vítima dos problemas que seu congestionamento traz. Do ponto de vista global, é a volta de São Paulo ao esquema de transportes análogo aos vigentes na Europa, Estados Unidos e outras partes desenvolvidas do mundo, com uma diferença: nos outros países o sistema não entrou em colapso e foi se atualizando paulatinamente, sempre atendendo à clientela e servindo à economia dos repsectivos países.
O desbravador trem de passageiros –que ninguém acreditava na possibilidade de volta – está sendo providenciado em território paulista. Não poderão se esquecer os futuros governantes de que esta é uma obra de longo prazo e, para atender o Estado, terá de contemplar as regiões mais distantes da capital – as antigas linhas da Paulista e Alta Paulista, Araraquarense, Mogiana e Sorocabana, que hoje só se prestam à circulação de poucos trens de carga e muitas delas nem tráfego tiveram ao longo de anos.
Nos tempos da implantação, a ferrovia foi fruto de investimento privado – do Barão de Mauá, no Rio de Janeiro, e de fazendeiros plantadores de café no Estado de São Paulo. Insuflados pelo movimento político de esquerda, os trabalhadores das várias ferrovias pressionaram os governos pela encampação. Ela aconteceu e foi o fracasso do sistema, pois em vez da administração de empresários interessados em produção de lucro, passaram a sofrer as injunções comuns ao sistema público até tornarem-se inviáveis e entrarem em colapso. A restauração dos trechos e construção de novas opções, através do PPI nos parece a melhor porque traz o investimento e a concessão para o investidor operar os trechos, sem a possibilidade de neglig&ec irc;ncia e abandono que se verificou no pós-emcampação, sujeita às alterações políticas e estruturais como aquelas vividas nas décadas em que as ferrovias de então só foram exploradas mas não receberam os cuidados e investimentos necessários à sua atualização e integração com os demais modais de transporte.
É importante lembrar que o sistema de transporte de um país deve ser diversificado e integrado. As cargas e mesmo o transporte de passageiros devem ser movimentados da forma mais adequada tanto pela rapidez quanto pelo preço final do serviço. Assim, existem cargas que devem ser movimentadas por barcaças hidroviárias, outras por trens, aviões e caminhões. Numa analise mais simplificada, o ideal é que o caminhão faça apenas o trecho que leva as mercadorias da unidade de produção ao terminal mais próximo e, na outra ponta, do terminal de desembarque ao consumidor. Da mesma forma, o passageiro deve ser carreado para o sistema que lhe garanta mais conforto, rapidez e outras vantagens. É assim que o sistema funciona nas área mais desenvolvidas do planeta e, infelizmente, foi negligenciado e abandonado no Brasil. O xalá o projeto paulista seja o inicio da recuperação do tempo perdido e se expanda por todo o País…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)