Política não é para amadores

Eleitores e candidatos devem ficar atentos ao período de campanha e às obrigações enquanto cidadão

Foi dada a largada! Começaram as campanhas dos candidatos a vereador e a prefeito em todo o país, mas e aí, você sabe o que pode ou não nessas eleições?

A reclamação mais frequente nos meus grupos de amigos é a propaganda recebida de maneira abusiva, ou seja, aquilo que não foi solicitado. É via e-mail, aplicativos de mensagens, mensagens diretas, telefonemas, cartas… 

As redes sociais se tornaram aliadas dos candidatos, desde os mais até os menos expressivos, afinal de contas, todo mundo quer o seu voto e com ele conquistar a tão sonhada cadeira na Câmara de Vereadores ou na Prefeitura Municipal.

Fato é que, se o candidato não tiver uma comunicação de campanha bem definida, todo o seu esforço pode ir por água abaixo, e aquele sonhado voto que ele deseja conquistar, pode se tornar um tiro no pé, e o eleitor que hoje estava aqui, ou ainda não havia escolhido um candidato, pode facilmente ser conquistado pelo menos provável dos concorrentes.

A única moeda válida na eleição é o voto, sabemos. Voto na urna e contagem é que o difere eleitos de não eleitos. Mas aí surge a grande questão: onde está o meu eleitor?

Bem, ao começar uma campanha, o candidato deve ter em mente duas coisas primordiais: quem é o seu público eleitor, aquele que você deseja atingir, e o que você, enquanto candidato, pretende fazer por ele assim que for eleito.

Promessas e propostas 

Sabemos que ninguém vive de promessas. As tais promessas de campanha. Mas que tal se a gente substituir a palavra promessas por propostas? Faz o mesmo efeito. Um vereador não governa sozinho, e o mesmo dizemos de qualquer outro cargo público. Um mandato se faz em conjunto e depende de várias questões, como o orçamento público, leis municipais, pessoas, entre outros, mas demonstrar boa intenção em prol do bem comum, conhecendo a fundo peculiaridades da sua região já é meio caminho andado.

Muito se fala do vereador do bairro, e criou-se até um certo preconceito e um “endeusamento” dessas figuras. A dualidade, sim! O vereador do bairro fica sendo um Deus na sua região, o paladino salvador das causas simples e nem tão simples: aquele buraco na rua, aquela unidade de saúde fechada… Ao passo que no outro oposto da cidade, fica sendo “o cara em quem eu não voto porque ele vai governar para o bairro dele”.

Ora, como se os problemas enfrentados de norte a sul das cidades Brasil afora não fossem os mesmos. Vereador, prefeito, deputados e senadores, independente do cargo, governam para toda a população, independente da raça, etnia, religião. A nomenclatura pouco importa. O que importa é o que essa pessoa vai fazer depois de eleita e a sua obrigação, enquanto eleitor e cidadão, é cobrá-lo quando ele estiver lá e lembrá-lo de que foi o voto coletivo que deu a ele a oportunidade de se eleger.

Você lembra em quem votou?

Outro fator importante é saber em quem a gente vota. E, mais do que saber, é escolher um candidato, lembrando que ele vai ser a sua voz perante o poder público. É a ele que você vai conferir poderes para falar por você. O voto é uma espécie de procuração que você transfere para alguém em seu nome. E aposto que você não daria uma procuração para qualquer um só porque ele é bonitinho, arrumadinho e é filho do amigo do seu primo que estudou com o avô do seu pai no século passado.

Voto é responsabilidade. Você lembra em quem votou para deputado estadual na eleição passada? E qual vereador mereceu o seu voto na eleição anterior? Se você se lembra, ótimo! Sinal de que você levou a sério a sua obrigação e responsabilidade em escolher um representante. A maioria das pessoas não se lembra o que almoçou, quanto mais em quem votou há dois ou quatro anos. Isso porque a obrigatoriedade de voto não se relaciona com o comprometimento de escolha. Muita gente vai votar “amarrado”, porque tem que votar, e acaba ou anulando o voto, ou votando em qualquer um. 

Abordagem ao eleitor

Como você, candidato, tem chegado até o seu eleitor? Parece que a internet virou uma terra sem lei, e entre o que pode e o que não pode na campanha, tem brotado candidato de tudo que é lado. São pedidos de amizade, novos seguidores e mensagens indesejadas. Vamos considerar diversos cenários: ou a pessoa já tem candidato e você está perdendo o seu tempo. Ou a pessoa não vota naquela cidade, e ainda assim, você está perdendo o seu tempo, ou a pessoa ainda não conhece os candidatos e por isso não escolheu.

Pode ser que nessa última alternativa resida seu pingo de esperança. Você precisa garantir os votos que conquistou no boca a boca, seja de amigos, familiares, comerciantes e precisa ainda mais convencer aquele que não definiu candidato, pois o eleitor sem candidato definido é o seu eleitor potencial. A melhor forma de abordagem, certamente é a apresentação. Primeiramente, é necessário saber se a pessoa que você deseja atingir já escolheu um candidato. Caso não haja um escolhido, com uma abordagem diferenciada, você garantirá passos a frente de quem quer que seja o seu concorrente.

As redes sociais, com estratégias assertivas, podem ser suas aliadas, certamente. Mas nada de atirar para tudo que é lado. É necessário saber o ponto de onde você está partindo e aonde está querendo chegar. Aproveite as oportunidades com seus potenciais eleitores, alimente o seu discurso com ideias, conheça a cidade antes de propor soluções mirabolantes para problemas que se arrastam de gestão em gestão. Além disso, saiba até onde você pode ir, cerque-se de pessoas comprometidas durante a sua campanha, pois são essas pessoas que ajudarão você a chegar lá. Invista em relacionamento com o eleitor, com a mídia, com pessoas em geral. Quanto mais pessoas souberem da sua candidatura e da coesão das suas propostas, mais chances você tem de se eleger. A campanha acontece na rua, e ninguém vence eleição sentado na sala de estar ou enviando mensagens via Whatsapp para aqueles (des)conhecidos com quem você não fala há anos. A chance de isso dar certo é mínima. Quem não conhece você, não compra a sua história. Encare a sua campanha como um produto, é a sua eleição que está sendo negociada. O que você está vendendo ao seu eleitor? Qual imagem você está entregando do produto que você é?

Além disso, saiba que é necessário investimento. É como uma aposta na loteria. Se você jogar apenas com um cartão, a sua chance é uma, mas se jogar com vários, sua chance aumenta. Campanha política, ou você entra para ganhar, ou é melhor ficar na sala de casa, confortável, no seu sofá, assistindo ao horário eleitoral gratuito. Política não é para amadores. E, se você quer realmente se diferenciar, olhe para onde todos estão olhando, mas vá além! Eleição se ganha na urna, e se você está nessa corrida eleitoral, boa sorte! Se você é um cidadão, assim como eu, juízo! Vote consciente. O seu voto interfere também na minha vida, aquilo a que chamamos de coletividade.

E se você ainda não sabe o que pode ou não nessas eleições, acesse o site do TSE e confira!

* Janaína Fogaça é jornalista com experiência em campanhas eleitorais. Foi head de equipes de marketing e comunicação política para diversos candidatos no estado do Paraná. Atualmente, assessora o juiz eleitoral do TRE do Paraná, Thiago Paiva. Atua há mais de 20 anos no jornalismo e na assessoria de imprensa, hoje, é diretora da Descomplica Comunicação Inteligente. Formada em jornalismo, é especialista em Comunicação Empresarial e Marketing Político.



 

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