
No último encontro virtual, especialista falam sobre estresse tóxico e o papel da escola na socialização
Com a participação de seis mil professores de educação infantil das redes municipais, o 1º Fórum Internacional de Educação dos Municípios do Alto Tietê tem reunido especialistas nacionais e internacionais para a discussão dos grandes desafios gerados pela interrupção das atividades letivas nas escolas em decorrência da atual pandemia e a perspectiva de volta às aulas.
No terceiro encontro virtual, realizado na noite da última quarta-feira (16/09), o neurocientista Fernando Louzada, da Universidade Federal do Paraná, chamou de “estresse tóxico” as várias formas de violência, carências e traumas aos quais as crianças estão expostas em situação de isolamento no ambiente doméstico. Segundo ele, esse estresse pode causar danos profundos na estrutura mental das crianças, capazes de comprometer o seu desenvolvimento nas etapas posteriores de suas vidas.
A psicóloga Marcia Gil, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, enfatizou a necessidade de que os gestores e educadores ouçam as crianças e seus familiares, avaliem a situação de cada uma delas e “sem pressa”, reorganizem seus projetos pedagógicos sem esquecer os direitos de aprendizagem e desenvolvimento dos bebês e das crianças pequenas.
“Existe uma preocupação com o não aprendizado que esse período de suspensão tem gerado. Isso é verdade, mas não é a única preocupação porque há de se pensar, principalmente, no papel da escola na humanização e na socialização das crianças. O momento agora é de preparar o retorno e o novo processo de reinserção dos alunos na escola, lembrando que podemos ter crianças mais agressivas, inquietas ou mesmo mais falantes”, alertou a palestrante.
Com o apoio da UNESCO, da Organização dos Estados Ibero-americanos e de outras entidades dedicadas ao desenvolvimento educacional, o 1º Fórum de Educação dos Municípios do Alto Tietê é uma promoção do CONDEMAT – Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê, com iniciativa das Secretarias Municipais de Educação de Arujá, Biritiba Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Salesópolis, Santa Isabel e Suzano.
Nos dois primeiros encontros, realizados nos dias 2 e 9 passados, Sara Barros Araújo, do Instituto Politécnico do Porto, Portugal, e Marcela Pardo, da Universidade do Chile falaram sobre como países europeus e sul-americanos vem enfrentando o desafio da volta às aulas e sobre como é importante que os cuidados com as crianças, professores e suas famílias possam contar com uma rede de proteção social que articule políticas educacionais com os setores de saúde, assistência social e segurança alimentar.
Em debate com os professores Paulo Focchi e Alexsandro Santos, esses especialistas sustentam que as escolas têm grandes responsabilidades no preparo cuidadoso para o retorno às atividades presenciais. Para eles, os educadores devem estar preparados, podem ajudar muito, mas não podem dar conta de tudo. Para poderem honrar os direitos da infância, eles precisam ser apoiados por políticas intersetoriais organizadas pelas prefeituras, respeitando a realidade de cada cidade.
O Fórum Internacional de Educação prossegue durante todo o mês de setembro, em sessões pela internet realizadas todas as quartas-feiras às 18:30 horas. As próximas sessões, dias 23 e 30, terão como palestrantes as especialistas Rita Coelho, Zilma Moraes, Maria Malta e Emilia Cipriano.
Além dos educadores inscritos, profissionais da educação de todo o Brasil podem acompanhar as sessões do Fórum, ao vivo pelo YouTube, ou gravadas no Portal do Fórum (www.forumeducacaoaltotiete.com.br). No Portal também podem ser encontrados documentos de apoio sobre a temática, assim como experiências que vêm sendo desenvolvidas pelas escolas da região.
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