Depois de bater, na quinta-feira (21), o recorde de 1.188 mortes em 24 horas provocadas pela Covid 19, recuamos para 653, no boletim do Ministério da Saúde divulgado no domingo (24). Fontes da área de Saúde nos estados e hospitais privados – citadas por conhecido colunista – teriam dito que nesta semana ocorre o pico da pandemia no Brasil, com o ápice já acontecido semana passada em São Paulo e previsto para os próximos dias no Rio de Janeiro, as duas localidades que lideram o número de casos no país. Mesmo assim, as autoridades continuam insistindo no isolamento, antecipam feriados e fazem outras restrições.
Em alguns pontos do país já se volta timidamente ao trabalho. Nos próximos dias, governadores e prefeitos das principais localidades devem promover o afrouxamento das restrições e exigir da população a adoção de hábitos profiláticos. Já compreenderam ou foram convencidos que, mesmo ocorrendo o pico e em seguida a esperada redução das infestações e mortes, será necessária a manutenção de cuidados para evitar nova escalada de contaminação e vítimas. Apesar de autorizados a voltar à atividade, os estabelecimentos deverão manter o distanciamento e impedir aglomerações, e as pessoas continuar usando máscara e lavando as mãos assiduamente. Sem esses cuidados o quadro pode voltar a se complicar e exigir o retorno das restrições.
Vencida a pandemia, as autoridades terão o dever de investir maciçamente na rede de saúde. Utilizar os milhares de respiradores, equipamentos e mobiliário dos hospitais de campanha para ampliar a oferta e a proximidade de UTIs e leitos hospitalares e, com isso, eliminar a nefasta fila de pacientes graves que há anos lota salas de espera, corredores e outras dependências de pronto-socorros e serviços de urgência. Não se deve esquecer que a crise da Saúde Publica brasileira é resultante de décadas de falta de investimentos e – o pior – da corrupção que drenou vultosas somas do dinheiro público que deveria ser aplicado na área, ensejando sucessivos escândalos que envolvem administradores, políticos e empresários inescrupulosos, alguns deles já condenados e trancafiados.
Todos teremos de nos adaptar ao pós-coronavírus. Os indivíduos através de comportamentos seguros e os governantes investindo em hospitais, ambulatórios e outras estruturas de Saúde hoje negligenciadas, para na próxima pandemia, epidemia ou surto – que fatalmente virá – não ter de repetir a discutível estratégia de isolamento perante o risco de não possuir meios para socorrer as vítimas.
Que o sofrimento e principalmente os mais de 20 mil mortos e outros que ainda perecerão, sirvam pelo menos para adequar a Saúde Pública e evitar que a tragédia continue como parceira perene desse importante setor.
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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