Coronavírus ou desemprego. O que será pior?

O fantasma do desemprego, potencializado pela suspensão das atividades do comércio, indústria e serviços está ganhando proporções tão turbulentas quanto as do coronavírus. Algumas empresas já demitiram e outras seguirão o mesmo caminho porque, sem produção, não terão com quê pagar salários. É previsto para a segunda-feira o anúncio de muitos outros desempregos por parte de patrões alucinados que não sabem como farão para quitar suas contas. Comitês e outros órgãos representativos do empresariado propõem para prefeitos e governadores a adoção de medidas alternativas que os permitam voltar a trabalhar, ainda que com os cuidados profiláticos e restrições aos vulneráveis (idosos e portadores de moléstias que potencializam o vírus). Há casos, inclusive, em que comerciantes desesperados estão partindo para a ofensa aos seus prefeitos.

                Não sou portador de credenciais técnicas para opinar sobre a necessidade de isolar ou não a população. Mas a vivência me autoriza a pensar – e até a exigir – que as autoridades dos três níveis (federal, estadual e municipal) atuem de forma conjunta e harmônica e parem com as divergências que só espalham o pânico. É sua obrigação encontrar protocolos adequados que possam proteger a população em relação ao vírus e não levem a economia à bancarrota. Tenham a certeza, senhores, que o povo é mais inteligente do que vossas excelências imaginam e saberá dar a resposta nas urnas desse ano (quanto escolheremos prefeitos e vereadores) e nas de 2022, na eleição de presidente, governador, deputado e senador. Aqueles que hoje fazem o povo sofrer por pensarem mais nas eleições do que na pandemia que cai sobre nossas cabeças, tendem a pagar um amargo preço.

                Existem opiniões para todos os gostos. Respeitados especialistas dos meios acadêmico e administrativo, do Brasil e do exterior dizem que o toque de recolher para toda a população em nada interferirá na proliferação do vírus. Outros, do mesmo nível, advertem que a medida é necessária. Já passou da hora dos administradores chegarem a um acordo que possa atender a população da forma mais adequada e segura. A troca de farpas e as intransigências só servirão para aumentar o sofrimento do povo e de nada lhes servirá eleitoralmente (se é isso o que perseguem).

                Não se esqueçam que pior do que a doença do coronavírus (um pequeno resfriado para a maioria das pessoas) pode ser menos perversa do que o pai ou mãe desempregados ficarem dentro de casa sem ter comida para dar a seus filhos. Por mais que o governo lhes conceda abonos, isso será temporário. Se perderem o atual emprego, será difícil encontrar outro, mesmo depois de cessada a pandemia…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) 

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