Saudade dos vereadores da década de 70

Por Ramon Ruiz

Fui vereador nesta cidade de Poá, de 1968 a 1996, foram exatos 28 anos de mandato, nunca tendo perdido uma só eleição nesse período. Só parei de concorrer em 2.000, quando em plena campanha para a reeleição, fui acometido de um AVC e tive de ser hospitalizado e naturalmente deixei o gramado municipal. De lá para cá tenho acompanhado as atividades parlamentares de Poá, vendo e analisando o comportamento de cada um dos senhores vereadores. E, observo que mudou, e mudou para pior. Ninguém está mais preocupado com a comunidade, em primeiro lugar estão seus próprios interesses. Aliás, isso é visto e sentido no Legislativo de modo geral, tanto no Senado da República, como na Câmara Federal, Assembleias Legislativas e nas Câmaras.
Não se vê vereador como no passado, que exercia a atividade parlamentar com a atenção voltada para atender o interesse público. Uma atividade considerada de relevantes serviços prestados a comunidade.
Fui vereador ao lado de Dr. Guido Guida, Odeio Chearelli, Capital Esperidião Hoffer, Geraldo Rodrigues, Milton Bueno e Nelson Bueno, José Massa, Antônio Massa, Osvaldo Leite Dantas, Arlindo Cleto, Eduardão, Roberto Marques, Valdomiro Floretto, Laureano Rosal, José Calil, Milton Haruki, Agenor Pereira, Carlos Mandasano, Américo Franco Júnior, e tantos outros nomes enraizados na cidade.
Cada um com sua posição, pensamentos e ideologias diferentes, mas quando estava em jogo o interesse da cidade, a união se fazia ali na Câmara Municipal. Uma união parlamentar nunca vista em lugar nenhum. Em qualquer necessidade urgente, os vereadores eram vistos pela cidade amparando pessoas com dificuldades. Faziam os encaminhamentos e encontravam soluções. Muitas casas de vereadores eram depósitos de doações para serem distribuídas.
Eram vereadores com raízes profundas na cidade, ninguém era turista. Amava seu povo, como a si mesmo. Mas hoje o que vemos: uma Câmara Municipal fechada para afastar o povo; Vereadores enclausurados em suas casas para não atender o povo; enquanto outros vão fazer turismo no litoral. Mudou. E, mudou para pior. A atividade parlamentar mudou. Antes o vereador era vereador às 24 horas do dia; hoje o vereador é vereador apenas as terças feiras das 18 às 20 horas.
Nas enchentes José Massa, Arlindo Cleto, Valdomiro Floretto e tantos outros quase se afogavam para salvar vidas. Diferente. Por isso é bom que o povo, numa epidemia como esta que estamos atravessando procure saber onde estão seus vereadores, que se recusaram a levar uma máscara ou um vidrinho de álcool gel para a comunidade. O prefeito tá na rua, sozinho, procurando dar guarida ao cidadão. A eleição vem aí.
(Ramon Ruiz, é Jornalista Profissional, foi Vereador, é Advogado e Procurador do Estado aposentado).

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