A soma da abstenção e dos votos nulos e brancos, que no resumo significam a desistência do eleitor em participar da eleição, é maior do que os votos dos primeiros colocados – a maior parte deles já eleita em primeiro turno – em 483 municípios brasileiros, entre eles 18 das 26 capitais que elegem prefeitos e vereadores.
Em São Paulo, 3,6 milhões de eleitores deixaram de comparecer, anularam o voto ou votaram em branco no último dia 15.
Isso significa mais do que a soma dos votos obtidos pelos dois concorrentes levados ao segundo turno, Bruno Covas (1.754.013) e Guilherme Boulos (1.080.736) mais o terceiro colocado, Márcio França (728.441 votos).
O que está acontecendo com o nosso povo? O que estaria levando tantos cidadãos a abrir mão do seu direito de eleger o governante de sua cidade, estado ou até do próprio país?
Nas localidades com menos de 200 mil eleitores ou até nas maiores onde um dos concorrentes obteve mais de 50% dos votos, não há mais o que fazer.
Quem não votou, anulou ovotou em branco, ficou fora e, moralmente, não terá o direito de reclamar quando não concordarcom as atitudes dos escolhidos.
Mas nos 57 municípios onde haverá eleição de segundo turno, ainda há a possibilidade de regeneração da participação popular. É importante que o eleitor compareça e vote, se não tiver motivação para escolher um dos finalistas, que vá por exclusão, votando naquele que entender “menos ruim”. Questão de lógica.
Quando um contingente tão grande da massa eleitoral deixa de votar, o resultado da eleição resta enfraqueciso, embora legitimado pela legislação eleitoral que, comodamente, ignora abstenção, brancos e nulos.
Ele manifesta a vontade dos que votaram, mas não do eleitorado, já que significativa parcela dele foi omissa.
A multidão dos desinteressados acaba, ainda, por favorecer as posições extremadas e radicais – tanto à direita quanto à esquerda – que, insufladas por idéias e pregações do meio, comparecem e votam nos seus representantes.
É por isso que, em algumas situações, candidatos sem qualquer chance aparente, acabam despontando com possibilidade até de se elegerem. Isso é um mal porque, mesmo que cheguem ao poder, não terão a sustentação da maioria da população, que é aquela que deixou de comparecer às urnas.
O eleitor paulistano – e das demais 56 cidades que farão segundo turno de prefeito no próximo domingo – deve por a mão na consciência, recorrer ao pouco de cidadania que ainda deve lhe restar, comparecer e votar. Por pior que o faça, ainda será melhor do que ficar à margem do processo e deixar que os outros – especialmente os radicais – escolham quem vai nos governar durante os próximos quatro anos. Pensem nisso e votem…
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dosPoliciais Militares de São Paulo).
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