Fórum de Educação discute aspectos da retomada das aulas

Palestrantes Sara Barros e Paulo Fochi falam dos desafios de atender a educação infantil em tempos de pandemia

Na abertura do 1º Fórum Internacional de Educação dos Municípios do Alto Tietê, na noite da última quarta-feira (02/09), o processo de discussão sobre a retomada das atividades presenciais na educação infantil norteou os diálogos dos educadores palestrantes e os mais de seis mil professores da rede pública municipal que participam da iniciativa virtual promovida pelo CONDEMAT – Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê em parceria com as Secretarias Municipais de Educação.

Com mais de três milhões de habitantes, o Alto Tietê possui cerca de 570 mil estudantes matriculados da Educação Infantil ao Ensino Médio, nas redes pública e privada. O universo é um dos maiores do Estado e só na rede municipal o número de matrículas neste ano alcança 280 mil alunos.

“É muito gratificante que uma iniciativa do CONDEMAT  tenha o alcance desse Fórum Internacional porque reunir mais de seis mil profissionais, em plena pandemia, justamente para discutir os desafios que essa crise sanitária traz para a educação já é uma conquista. Mais ainda porque são profissionais de municípios com realidades muito diferentes, mas que enfrentam os mesmos desafios e estão se unindo para melhorar a qualidade da educação pública em toda a região”, ressaltou o presidente do CONDEMAT, prefeito Adriano Leite.

Na sessão de abertura do 1º Fórum Internacional, o palestrante Paulo Fochi,  um dos educadores mais conceituados da atualidade, expôs sua preocupação com a polarização dos contra ou a favor das aulas presenciais na educação infantil, sem levar em conta aspectos importantes que precisam ser considerados, como a parcela de crianças que dentro de casa estão mais expostas à violência, a questão alimentar, as dificuldades estruturais de muitas escolas para atender os protocolos de higiene e segurança, a perda de vínculo entre as crianças e a escola,  entre outros.

Um dos pontos destacados por ele é o extenso tempo de quarentena vigente no Brasil, que já ultrapassa 200 dias. “Temos que considerar neste momento que a educação é muito afetada por isso e, a educação infantil, em especial, é a mais afetada. A estimativa é de que 30% das escolas privadas que atendem a educação infantil encerrem as suas atividades em razão da situação atual. Se pensarmos que a rede como um todo – público e privada – não atendia nem 40% da demanda infantil, o cenário é preocupante porque o setor público não conseguirá absorver todo público que tem direito a educação”, disse Fochi, ao defender que não é possível uma  resposta única para reduzir os danos do afastamento escolar. “Acredito que o olhar e o agir precisam ser localmente”, acrescentou.

A educadora Sara Barros Araújo, professora da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto (Portugal), também convidada da sessão de abertura do Fórum, compartilhou a experiência portuguesa e europeia no processo de quarentena e retomada das atividades escolares em meio à pandemia. Ao contrário do Brasil, onde o isolamento já passa de cinco meses, na Europa a retomada das atividades escolares se deu, na maioria dos países, em menos de três meses.

Em Portugal, por exemplo,  Sara conta que as aulas foram interrompidas em 18 de março e foram retomadas em 18 de maio, justamente com as creches e, em junho, com a pré-escola. Ela compartilhou iniciativas que deram certo e outras que não correram muito bem e ressaltou que a maior dificuldade está em conciliar os protocolos de segurança com as diretrizes pedagógicas.

O 1º Fórum Internacional de Educação dos Municípios do Alto Tietê terá mais quatro videoconferências, a serem realizadas nos dias 9, 16, 23 e 30 de setembro, com as participações dos educadores Marcela Pardo, Alexsandro Santos, Fernando Mazzilli Louzada, Márcia Gil, Rita Coelho, Zilma Moraes, Emília Cipriano e Maria Malta Campos.

Para o coordenador da Câmara Técnica de Educação do CONDEMAT, Leandro Bassini, o compartilhamento das experiências e opiniões dos educadores é fundamental para contribuir na construção das decisões que os municípios precisam tomar. “A educação infantil é de responsabilidade exclusiva dos municípios e, neste momento, se faz necessário ter o respaldo técnico e de conhecimento das experiências para nortear as ações”, ressaltou.

No portal www.forumeducacaoaltotiete.com.br podem ser obtidas maiores informações sobre o Fórum, que tem as participações das cidades de Arujá, Biritiba Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Salesópolis, Santa Isabel e Suzano.

O Fórum tem o apoio de Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), União dos Dirigentes Municipais de Educação do Estado de São Paulo (UNDIME-SP), Itaú Social, Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Fundação Lemann, Fundação Santillana, Fundação Vanzolini, Fundação SM, Movimento pela Base Nacional Comum Curricular e Universidade Nove de Julho (Uninove).

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